Figuras públicas lembram um intelectual que marcou o país
Da política à literatura, foram várias as reações à morte do escritor e gestor cultural António Mega Ferreira, com a lembrança de que foi um intelectual que deixou marcas na vida portuguesa.
António Mega Ferreira, que morreu, esta segunda-feira, em Lisboa, aos 73 anos, foi ensaísta, poeta, jornalista, cronista, um dos responsáveis pela Expo98, dirigiu a Fundação Centro Cultural de Belém (CCB), o Círculo de Leitores e Associação Música, Educação e Cultura, que gere a Orquestra Metropolitana de Lisboa, entre outros cargos ligados à Cultura.
O escritor Francisco José Viegas, antigo secretário de Estado da Cultura e editor, que dirige a revista literária LER, com origem no projeto inicial de Mega Ferreira, afirmou na rede social Twitter que este foi "um homem do Renascimento, capaz de relacionar coisas tão diferentes que se tornavam próximas" das pessoas.
Pilar del Río, presidente da Fundação Saramago - entidade da qual Mega Ferreira era membro do conselho de curadores - escreveu também no Twitter que o escritor era "um amigo, um imprescindível", que "enfrentou as adversidades com o melhor humor e a ironia mais brilhante".
Em comunicado, o atual presidente da fundação CCB, Elísio Summavielle, fala numa "hora triste para a República" pela morte de um amigo.
"Independentemente do legado da sua obra literária, de jornalista, e da inovadora ação que lhe é devida na vida cultural de todos nós, que constituirá sempre uma referência, não esquecerei nunca o amigo que sempre me ajudou e apoiou", afirmou Summavielle.
Além das três principais figuras do Estado - Presidente da República, presidente da Assembleia da República e primeiro-ministro -, a morte de António Mega Ferreira mereceu ainda palavras de reconhecimento do ministro da Cultura, Pedro Adão e Silva, do deputado e historiador Rui Tavares, do presidente da câmara de Lisboa, Carlos Moedas, e do político João Soares.
Para o compositor António Pinho Vargas, Mega Ferreira era "um dos mais queridos amigos", um "grande fazedor em tudo", e para o radialista Fernando Alvim, o escritor tinha "uma visão que era ambiciosa, que era culta, que era dinâmica".
"Ele mostrou a uma geração que era possível pensar e fazer jornais e revistas de maneira diferente. E esteve por detrás de alguns dos melhores momentos do que se fez em Portugal, sobretudo nas duas últimas décadas do século passado", sublinhou o antigo jornalista Manuel Falcão, um dos fundadores dos jornais Blitz e O Independente.
O cronista e jornalista Miguel Esteves Cardoso, co-fundador de O Independente, lembra António Mega Ferreira como "um entusiasta e cúmplice": "Era hilariante e impetuoso, cultivando a ironia da única maneira que a ironia aceita: vivendo-a", escreveu numa crónica já publicada hoje no jornal Público.
Em outubro passado, Mega Ferreira lançou o livro "Roteiro Afetivo de Palavras Perdidas" e a editora Tinta da China agradeceu-lhe hoje o entusiasmo, a generosidade e a inteligência.
"Sem saber, despediu-se da escrita com a generosidade e a inteligência que o caracterizavam, com um livro não só íntimo, mas dedicado a uma matéria que sempre acarinhou no seu percurso - as palavras", refere a editora na rede social Facebook.