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Igreja Católica pede liberdade incondicional para presos políticos na Venezuela

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A Igreja Católica venezuelana pediu hoje ao Governo do Presidente Nicolás Maduro para que, num gesto de "boa vontade, humanidade e magnanimidade política", ordene a liberdade dos presos políticos no país.

O pedido foi feito pelo cardeal Baltazar Porras, administrador apostólico da Arquidiocese de Caracas e bispo de Mérida, numa mensagem de Natal, em que lembra as carências, as dificuldades económicas, a violência e a emigração forçada de venezuelanos.

"Uma lembrança especial de solidariedade e afeto para as muitas famílias venezuelanas que se preparam para passar o Natal e acolher o novo ano com o doloroso sofrimento de ter um lugar vazio à sua mesa, porque um dos seus membros está privado de liberdade por razões políticas", explica Baltazar Porras, num comunicado distribuído em Caracas.

O cardeal explica que na Venezuela "o Natal não é, para todos, uma época fácil de viver" e que "para muitos parece tornar mais aguda a dor, a carência, a distância, a ausência", sublinhando a situação das famílias "em que ocorrem diariamente episódios de violência de todo o tipo" e daquelas em que "subsistem condições económicas extremamente precárias".

"Por esta razão, juntamente com as nossas orações por estas famílias, queremos também fazer um apelo urgente à consciência dos que têm o poder de tomar decisões, para que sejam concedidas medidas de justiça, para restaurar incondicionalmente a liberdade a todas estas pessoas, permitindo-lhes assim regressar às suas casas com as suas famílias neste Natal", acrescenta.

Segundo o cardeal, "isto seria um gesto de boa vontade, humanidade e até de magnanimidade política que muito poderia contribuir para a tão necessária reconciliação e paz social".

"Se a nossa esperança não se traduzir em ações concretas e gestos de justiça, solidariedade fraterna e de atenção aos mais frágeis, continuará a prevalecer a lógica do descarte, contra a qual o Papa Francisco tanto nos adverte, e a expectativa de novos céus e uma nova terra levará ainda mais tempo a dar frutos. Se a esperança de Deus não conta com a boa vontade dos homens, as sementes do reino da justiça e da paz não podem germinar", lê-se no comunicado.

Na véspera de Natal várias ONG locais pediram ao Governo venezuelano que conceda medidas "humanitárias" de liberdade aos presos políticos para que se possam reencontrar com os seus familiares.

"Ainda há tempo para um milagre de Natal. Este é um momento de reencontro. Apelamos a uma medida humanitária para todos os presos políticos injustamente detidos na Venezuela", pediu a ONG Programa Venezuelano de Educação -- Ação em Direitos Humanos (PROVEA) na sua conta do Twitter.

A ONG Justiça, Encontro e Perdão denunciou, através da mesma rede social, que os presos políticos e seus familiares são "vítimas de um sistema de justiça que não respeita os seus direitos e que não garante o devido processo".

Segundo o Fórum Penal na Venezuela, estão atualmente presas 247 pessoas por motivos políticos. São 261 homens e 13 mulheres, dos quais 151 são militares e 123 civis, todos adultos.

"Desde 2014, registaram-se 15.777 detenções políticas na Venezuela", explica a ONG nas redes sociais.

Segundo o Fórum Penal, "além dos presos políticos, mais de 9.000 pessoas continuam submetidas arbitrariamente a medidas restritivas da sua liberdade".