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Papa Francisco alerta para humanidade insaciável de dinheiro e poder

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O Papa Francisco alertou hoje para a existência de uma humanidade insaciável de dinheiro, poder e prazer que devora os mais fracos e provoca as guerras, durante a homília da Missa do Galo celebrada na Basílica de São Pedro.

O Papa Francisco celebrou hoje a tradicional Missa do Galo às 19:30 (18:30 de Lisboa, tal como no ano passado, mas devido a problemas num joelho permaneceu sentado num lado do altar e o cardeal Giovanni Battista Re celebrou a eucaristia.

Um diácono destapou pelo Papa a imagem do menino Jesus, enquanto crianças provenientes de várias partes do mundo depositaram ao seu lado umas flores e na Praça de São Pedro soaram as campainhas para anunciar o nascimento de Jesus.

Perante as sete mil pessoas que encheram a Basílica, enquanto outras três mil pessoas esperavam do lado de fora na praça, numa cerimónia transmitida pela Mundovisión, criticou que "depois de muitos Natais celebrados entre enfeites e presentes, depois de tanto consumismo que envolveu o mistério que comemorar (...) o significado foi esquecido".

O Papa leu a homília sentado e explicou as três palavras que disse que podem inspirar o presépio: "a proximidade, a pobreza e o concreto".

Sobre a proximidade, o Papa afirmou "que a manjedoura serve para aproximar os alimentos da boca e consumi-los mais rapidamente" e que "pode assim simbolizar um aspeto da humanidade: a voracidade em consumir".

"Porque, enquanto os animais do estábulo consomem a comida, os homens do mundo, famintos de poder e dinheiro, devoram os seus vizinhos, os irmãos da mesma forma", disse Francisco, acrescentando: "Quantas guerras! E em muitos sítios, ainda hoje, a dignidade e a liberdade são pisadas. E as principais vítimas da voracidade humana são sempre os frágeis, os fracos".

"Neste Natal, como aconteceu com Jesus, uma humanidade insaciável de dinheiro, poder e prazer não dá lugar aos mais pequenos, às crianças por nascer, aos pobres, aos esquecidos. Penso sobretudo nas crianças devoradas pelas guerras, pobreza e injustiça", lamentou.

Sobre a pobreza, o Papa recordou o convite "a ser uma Igreja que adora Jesus pobre e serve Jesus nos pobres".

E depois citou as palavras do assassinado e proclamado santo arcebispo de San Salvador, Óscar Arnulfo Romero: "A Igreja apoia e abençoa os esforços para transformar essas estruturas de injustiça e só coloca uma condição: que as transformações sociais, económicas e políticas resultem num verdadeiro benefício dos pobres".

O Papa recordou que não é verdadeiramente Natal sem os pobres.

"O Natal celebra-se sem eles, mas não o de Jesus. Irmãos, irmãs, no Natal, Deus é pobre. Que renasça a caridade!", exortou o Papa.

Por outro lado, o pontífice pediu "uma fé concreta, feita de adoração e caridade, não de palavreado e exterioridade".

"Não deixemos passar este Natal sem fazer algo de bom. Já que é a sua festa, o seu aniversário, demos-lhe presentes que lhe agradem. No Natal Deus é concreto, em seu nome vamos reavivar um pouco a esperança a quem a perdeu" disse o pontífice argentino.

Jorge Bergoglio voltará no domingo à janela da Basílica de São Pedro, no Vaticano, assim como fez quando foi eleito Papa em 2013, para ler a mensagem de Natal e dar a tradicional benção "Urbi et Orbi" (para a cidade e para o mundo).