Exército brasileiro reafirma missão constitucional contra pressões de "bolsonaristas"
O comandante do exército do Brasil, general Marco Antonio Freire Gomes, destacou hoje a missão constitucional da instituição em resposta às pressões de grupos "bolsonaristas" para um golpe militar que evite a investidura de Lula da Silva.
O compromisso do exército para com a Constituição foi citado pelo comandante militar na mensagem de final de ano enviada pelo Twitter a todos os soldados e onde destacou que a instituição deixou claro que continua unida após a hierarquia, a disciplina e a coesão terem sido colocadas à prova em 2022.
Freire Gomes afirmou que 2022 "foi um ano intenso" para o exército, mas que os militares permaneceram "treinados e prontos, com nosso Braço Forte, para cumprir todas as nossas missões constitucionais".
"A hierarquia, a disciplina e a coesão não são unicamente pilares que sustentam uma instituição do Estado como a nossa. São marcas indeléveis que derivam dos valores que mais apreciamos e que têm de ser cultivados todos os dias. Em 2022, esses valores foram novamente colocados à prova e mostrámos a toda a sociedade que o exército continua forte, disciplinado e unido em prol do nosso Brasil", acrescentou.
O oficial não fez nenhuma menção política na sua mensagem nem refere as petições dos seguidores do Presidente Jair Bolsonaro, que não reconhecem a vitória de Lula da Silva nas eleições presidenciais de outubro e pedem um golpe de estado.
Grupos de camionistas fizeram bloqueios ilegais em estradas importantes do Brasil e, desde o dia seguinte às eleições, pequenos grupos de manifestantes mantêm-se acampados em frente aos quartéis militares pedindo que as Forças Armadas impeçam a investidura de Lula da Silva, agendada para 01 de janeiro de 2023.
Com esta mensagem de fim de ano, o comandante do Exército frustrou os militantes mais radicais do bolsonarismo.
"Senti-me uma idiota com as palavras do general. Há 53 dias que estou à porta do quartel e é isso que esse senhor tem para nos dizer?", afirmou uma mulher que se identificou como Érica Morais, num dos comentários publicados no vídeo que o exército brasileiro publicou na sua conta no Youtube.
"O que eu percebi é que fomos abandonados. Não pelo nosso presidente, mas pelas forças que um dia juraram proteger a nação", disse noutro comentário uma outra mulher que se identifica como Sheyla Lira e que afirma ser "patriota, bolsonarista e evangélica".
A mensagem não faz qualquer menção aos defensores do golpe nem a nenhuma advertência contra o futuro governo, como foi feito por um antigo comandante do exército numa publicação em que alertou que o Supremo Tribunal não poderia absolver Lula da Silva, que chegou a estar preso por processos de corrupção posteriormente anulados devido a problemas de competência.
Segundo uma sondagem divulgada na quinta-feira, 75% dos brasileiros reprovam as manifestações golpistas dos bolsonaristas e 56% aprova a aplicação de sanções a estes manifestantes.
Bolsonaro, que durante a campanha eleitoral colocou em causa a transparência e credibilidade das eleições brasileiras, ainda não aceitou publicamente a derrota, permanecendo isolado e em silêncio, ainda que tenha autorizado o início do processo de transição do governo.