Madeira

Advogado com ligação à Madeira condenado por agressões à ex-mulher

António Franco Fernandes é acusado por Carla Ilharco de violência doméstica

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António Franco Fernandes, antigo dirigente no Conselho Regional da Madeira da Ordem dos Advogados, foi condenado por violência doméstica contra ex-mulheres, a própria mãe e um colega de profissão, embora “continue em liberdade” e a “exercer” advocacia.

Segundo uma reportagem da CMTV difundida ontem pelo canal televisivo, o conhecido advogado “já foi condenado por violência doméstica e crimes de ofensa à integridade física”, mas “tem conseguido fintar sucessivamente a justiça”.

“São tantas as pessoas a quem ele faz mal. Independentemente de a mãe ter assistido impávida e serena, sentada num sofá, a eu ser espancada pelo filho e nada ter feito. Eu não consigo esquecer ele ter-me dito que deu uma cabeçada à mãe”, recordou a ex-mulher de António Franco Fernandes em declarações ao programa ‘Doa a Quem Doer’.

Carla Ilharco, advogada de 48 anos que também exerceu a sua profissão na Região, diz à CMTV que ainda vive num inferno. Dá a cara como vítima de violência doméstica exercida por António Franco Fernandes, com quem casou em 2017, um ano depois de se terem conhecido na Madeira. Carla estava numa casa de abrigo com os três filhos e António Franco Fernandes ajudou-a.

Disse que se eu simulasse um casamento com ele poderia voltar à Madeira e recuperar o meu escritório, a minha vida, os meus bens (…) Deixei sempre bem claro que ele teria de viver na casa dele e eu na minha com os meus filhos, porque ele já era violento na forma de falar, no trato. Nunca me tinha agredido fisicamente, mas era uma pessoa muito possessiva, muito autoritária. Carla Ilharco

É então que Carla Ilharco recorda uma das muitas supostas agressões. Segundo a advogada, António Franco Fernandes "arrombou a janela e foi direito" ao seu pescoço.

"Começou-me a apertar o pescoço, murros na cara, pontapés na barriga, pôs-se em cima de mim, esmurrou-me na cara, nos olhos, ouvidos, e começou a dar-me murros nos seios. Não sei quando parou. Só sei que quando os meus filhos chegaram a casa eu estava desmaiada na porta do meu quarto. Isto foi no dia 1 de Abril e ele voltou-me a agredir no dia 28 de Abril, na casa da mãe dele, em Oeiras. Ao mesmo tempo que chamava a ambulância estava a espancar-me com uma cadeira na mão, com pontapés, e ao mesmo tempo, em linha com o 112 [dizia] a minha mulher está louca, venham, que ela tem de ser internada imediatamente", relatou.

Contudo, Carla Ilharco também admite ao programa da CMTV que acabou sempre por desistir das queixas. Actualmente diz que é alvo de insultos por parte do ex-marido nas redes sociais.

Pensam que sou de ferro? Ela deixou-me sem abrigo. Por acaso a minha mãe abriu-me a porta. E se não tivesse aberto, como é que era? Vocês só criticam porque eu reajo. Muitos gajos já tinham rebentado com a gaja contra uma parede, já lhe tinham partido as pernas, já lhe tinham feito o catatau, já tinham incendiado o carro, já tinham feito correr gasolina pela garagem e incendiado a casa toda. Eu estou a ter uma tolerância e uma calma que nem sequer te admito que tu digas que eu não tenho calma. António Franco Fernandes

Ainda de acordo com o seu testemunho, Carla fugiu de uma clínica de fertilidade porque Franco Fernandes queria obrigá-la a ter mais uma criança. A advogada admite que não tinham relações sexuais e admite que “houve uma violação”, uma vez que certa noite, quando acordou, "tinha sangue nas pernas e feridas".

"Nunca associei (…) não sabia que tinha sido violada. Foi em 2020 e só soube em Agosto de 2022. Soube por ele, que tinha tido a melhor noite da vida dele", recorda.

António Franco Fernandes já esteve proibido de contactar Carla e de se aproximar a um quilómetro de distância, o que “não cumpriu”. A advogada admite viver aterrorizada e já fugiu vezes sem conta.