Natal: um caso de pandemia
O Natal é, obviamente, um caso de pandemia. Não tanto por causa dos presentes, das festas, das músicas, da vontade de ser bons que nos invade (ao menos nesta época!). O Natal é um caso de pandemia porque introduziu na natureza humana uma modificação importante: “Pela sua encarnação, o Filho de Deus uniu-se de alguma maneira a todo o ser humano”, ensina o Concílio Vaticano II (Constituição Gaudium et spes, 22).
Claro que um vírus é qualquer coisa menos boa, como acabámos de experimentar nestes anos passados. Mas creio que a imagem de uma realidade que se espalha e infecta (positivamente!) todo e qualquer ser humano, qualquer que ele seja, nos dá bem o sentido do que sucedeu naquele Dia de Natal, há 2022 anos: Deus faz-se homem. E, nesse momento, todo e qualquer ser humano, apenas pelo facto de o ser, se tornou próximo de Deus. Passou a trazer consigo algo de divino, para além da “imagem e semelhança” inicial.
Ser capaz de reconhecer e de viver esta presença de Cristo em cada um e em todos é o que distingue o cristão. Nem sempre é fácil, sobretudo quando se trata de “pecadores públicos”, como no caso daqueles que fazem a guerra ou que, de algum modo, atentam contra a vida dos outros. E, no entanto, Deus não desiste deles. Nem lhes retira essa realidade de presença não merecida que a todos oferece por causa do Natal de Jesus. É assim o Natal — o Natal de Deus connosco, ao nosso lado, em nós, que, por isso, nos irmana a todos de um modo especial e festivo. Santo Natal para todos!