Albuquerque revoltado com aplicação “cega” de taxas ambientais nos voos das ilhas
O presidente do Governo Regional, Miguel Albuquerque, juntou, esta manhã, a sua voz às críticas do director executivo da Ryanair, que ontem criticou a proposta europeia para aplicação de taxas ambientais (ETS-Emissions Trading System) nos voos para as regiões ultraperiféricas já no ano de 2024, o que vai tornar as viagens mais caras. “Eu estou solidário com ele, porque o que se está a passar na União Europeia é uma vergonha. A UE quer ser a campeã das alterações climáticas mas tem que levar em linha de conta que há regiões ultraperiféricas que têm que ter uma excepção completa para o transporte aéreo”, declarou o chefe do executivo, após uma visita à Casa Museu Frederico Freitas, no Funchal.
Albuquerque revelou que ainda esta semana vai enviar uma carta ao presidente das Canárias a alertar para esta situação. Em seu entender, para “Canárias, Açores e Madeira é fundamental que as viagens aéreas não sejam penalizadas porque estamos a pôr em causa uma indústria que é fundamental para o desenvolvimento destas regiões ultraperiféricas, que não têm recursos e que precisam de ter o transporte aéreo acessível para desenvolver a indústria turística”. O governante explicou que este problema já foi colocado nas instâncias comunitárias, mas “a Comissão Europeia está cega sobre esta questão”. “A partir do momento em que as regiões ultraperiféricas são penalizadas, começa a haver movimentos de contestação à política de integração europeia e eu penso que não é isso que a UE quer. Se eles querem se suicidar, suicidem-se. Agora, não podem é rebentar com as economias ultraperiféricas, que são frágeis e dependem do transporte aéreo para a sua sobrevivência”, alertou.
Na mesma ocasião, o chefe do executivo defendeu a revisão do contrato de concessão dos transportes marítimos entre as duas ilhas com a Porto Santo Line e renovação até ao ano 2035, que foi anunciada ontem. “Este acordo vai servir os interesses da Região e vai favorecer sobretudo a população do Porto Santo. Havia um conjunto de cláusulas contratuais que estavam estabelecidas e que não tinham muito sentido. Houve na negociação, por parte do Governo e do operador, a razoabilidade de acabar com eles. Acho que isso é positivo”, comentou.
Ainda sobre o Porto Santo, Albuquerque confirmou que o renovado núcleo museológico de Colombo vai abrir no próximo ano, provavelmente no Dia Nacional dos Museus (18 de Maio). A área museológica será ampliada e vai ocupar também o primeiro andar do edifício da Baiana. Além disso, foi adquirido um espólio vasto sobre a História da Expansão Portuguesa e que assinala o Porto Santo como primeiro local dessa epopeia. A última peça foi um retábulo flamengo adquirido num leilão no continente e que era proveniente da colecção de uma família madeirense. “Eu penso que os portossantenses vão ficar orgulhos. Vai ficar um museu magnífico”, declarou o governante.
Albuquerque cumpriu esta manhã a visita que habitualmente realiza na quadra natalícia à Casa Museu Frederico de Freitas, na Calçada de Santa Clara, nas proximidades da Igreja de S. Pedro. A casa alberga o espólio recolhido por um madeirense coleccionador de arte e património e que foi legada à Região Autónoma da Madeira. O museu é hoje visitado por muitos estrangeiros, alunos das escolas mas por poucos madeirenses de idade adulta. A visita do governante tem por objectivo incentivar os cidadãos a irem conhecer o espólio, que inclui uma colecção de presépios.