Apoio dos EUA representa "um investimento na liberdade", diz Zelensky
O Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, salientou esta quarta-feira, perante o Congresso norte-americano, que o dinheiro entregue pelos Estados Unidos à Ucrânia "não é caridade", mas "um investimento na liberdade" e na "segurança global".
Zelensky destacou que "contra todas as probabilidades" a Ucrânia ainda está de pé, depois de ser recebido com uma ovação estrondosa por parte dos congressistas presentes no Capitólio dos Estados Unidos.
"A Ucrânia está viva e em luta", sublinhou.
"A tirania russa já não tem qualquer controlo sobre nós", acrescentou o líder de Kiev num discurso em inglês de 20 minutos, que fechou a primeira viagem do líder ao estrangeiro desde a invasão da Ucrânia a 24 de fevereiro.
O chefe de Estado ucraniano realçou que o que está em jogo no conflito é maior do que apenas o destino do seu país, salientando que a democracia em todo o mundo está a ser testada.
"Esta batalha não pode ser ignorada, à espera que o oceano ou qualquer outra coisa forneça proteção", frisou, agradecendo aos norte-americanos pelo apoio e liderança internacional na ajuda à Ucrânia.
Em referência ao recente sistema de defesa Patriot, que os EUA vão entregar a Kiev, Zelensky disse esperar que este ajude a "parar o terror russo contra as cidades" ucranianas.
O Presidente ucraniano também deu a entender que não vai relaxar a pressão para obter mais armamento e equipamento mais pesado.
"Temos artilharia, sim", disse, acrescentando: "Será suficiente? Sinceramente, nem por isso".
Disse também que "os soldados ucranianos podem perfeitamente operar tanques e aviões americanos", numa referência ao equipamento que Washington se recusou a fornecer até agora.
Já sobre a ajuda financeira, o governante ucraniano destacou que esta é muito importante: "O vosso dinheiro não é caridade, é um investimento na liberdade, numa segurança global, que gerimos da forma mais responsável possível".
Na ocasião, Zelensky relacionou a luta contra a Rússia à ameaça colocada pelo Irão, um tema caro ao campo republicano que critica o Presidente democrata, Joe Biden, por ser demasiado complacente com Teerão.
"Os 'drones' [aparelhos aéreos não tripulados] mortais enviados pelo Irão para a Rússia às centenas tornaram-se uma ameaça para as nossas infraestruturas estratégicas. Dois (estados) terroristas encontraram-se. E é apenas uma questão de tempo até que ataquem os seus outros aliados", advertiu.
No final do discurso, Zelensky dirigiu-se à presidente da Câmara dos Representantes, Nancy Pelosi, e à vice-Presidente dos EUA, Kamala Harris, que presidiam a sessão.
"Quando eu estava ontem [terça-feira] em Bakhmut [uma cidade na região de Donetsk devastada por combates], os nossos heróis deram-me a bandeira, a bandeira deles. A bandeira daqueles que defendem a Ucrânia, a Europa e o mundo à custa das suas vidas", sublinhou, antes de entregar às duas responsáveis a bandeira ucraniana, azul e amarela, coberta com as assinaturas dos militares.
Em troca, recebeu uma bandeira norte-americana que tinha sido hasteada no topo do Capitólio nesse mesmo dia para assinalar a visita.
O discurso perante o Congresso foi a segunda paragem da visita a Washington, depois de Zelensky se ter reunido na Casa Branca com Biden.
A visita do líder ucraniano ocorre em plena negociação no Congresso dos orçamentos para o ano fiscal de 2023, que contemplam mais 45.000 milhões de dólares (42 mil milhões de euros) em assistência à Ucrânia.