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Eu sou do tempo do Menino Jesus

Estamos na Festa, aquele período que todos nós gostávamos e esperavamos ansiosamente que chegasse, quando eramos crianças e que agora é conhecida pelo Natal. No meu tempo de menino e moço esse período, geralmente começava com os ensaios das romarias, as Missas do Parto, a morte do porco a 18 de Dezembro, a limpeza da chaminé para que o Menino Jesus pudesse entrar sem se sujar de ferrugem, para deixar as prendas. Acreditávamos piamente que era mesmo o Menino Jesus que trazia aqueles presentes para toda a família, mas para isso tínhamos que nos portar bem ao longo de todo o ano.

Chegava o dia 24 de Dezembro à noite, com a carne de vaca e de porco assada na panela que era preparada antes de irmos para a igreja. Havia a parte religiosa com o aparecimento do Anjo, que anunciava o nascimento do Menino Jesus em Belém, seguido de missa e dos pastores e finalmente as romarias com as ofertas, não para o Menino Jesus, mas para o padre, muitas delas sendo transportadas em barcas feitas de Madeira. Chegados a casa comíamos uma canja de galinha e também a carne assada na panela acompanhada pela velhinha laranjada. Não havia vinho porque os meus pais não bebiam e os filhos eram demasiado pequenos para isso. De seguida ponhamos o sapatinho na lareira e íamos para a cama com a esperança que a noite fosse curta, tal era a vontade de ver o que nos tinha calhado no sapato. Entretanto sentíamos o cheiro do ananás, vindo dos Açores e do queijo de bola vermelha.

De um modo geral os presentes eram parecidos todos os anos: Um carrinho de folha e uma bola de “visgo” para os rapazes e uma boneca para a mana, a mais velha. A bola de “visgo” era utilizada para jogarmos futebol na estrada Regional 101, pois nessa altura passavam apenas meia dúzia de carros por dia, mesmo em frente à minha casa. Essa bola, geralmente era feita na fábrica de borracha do Leacock, de cor vermelha, verde ou azul mesclada com branco, mas só a partir da 1ª oitava porque não havia autorização de sair de casa no dia de Natal. Era o dia da família.

Na primeira oitava, dia 26 de Dezembro, que apesar de não ser feriado, ninguém trabalhava nesse dia e também no dia seguinte, normalmente íamos a casa do padre buscar os acessórios, como a barca para guardar para o ano seguinte, onde se comia qualquer coisa e os adultos tomavam um licor caseiro. De um modo geral o padre abençoava os pastores que tinham ido cantar quer isoladamente quer em conjunto nas romarias e dava “um santinho”, devidamente benzido a cada elemento. Seguia-se o “puxar à parreira. Uma corda grossa era dividida ao meio e colocada em cima da Ponte sobre a Ribeira de Santo Antão, junto à Igreja. As pessoas que residiam da ribeira para lá, geralmente designado por “Farrobo” ficavam na parte mais perto da Igreja e os do lado da Serra d’Água, pegavam na corda do lado de cá. Todos puxavam “à parreira” ( porque antigamente era usada uma parreira de vinha), cada grupo para o seu lado, homens, mulheres e crianças, novos e velhos e quem conseguisse puxar toda a corda para o seu lado, ganhava. Esta tradição ainda se mantém, assim como a de ir ver o porco depois de morto e pendurado. Hoje em dia começam a matar os porcos no primeiro fim de semana de Dezembro, porque já há meios elétricos de conservação da carne, como os frigoríficos e os congeladores e naquele tempo nem havia energia elétrica. Depois desta parte desportiva, as pessoas iam de casa em casa para ver as “lapinhas” ( ainda não tinha chegado a época do pinheiro e muito menos do artificial, onde tomavam uns copos e comiam bolos e broas.

Nesse tempo muita coisa era pedida ao menino Jesus, que entretanto perdeu o protagonismo, a favor do chamado pai Natal, uma figura pagã, mas que rapidamente ganhou apoiantes. Penso que nesse tempo o Pai natal ainda estava a ganhar idade e barriga assim como cabelos brancos. Foi um regredir da própria humanidade, ou então houve a preocupação de arranjar um símbolo que satisfizesse todas as religiões, especialmente as cristãs.

Amanhã vou a caminho do Seixal, como de costume, onde passarei A Festa juntamente com a minha família e, neste momento, apetece-me fazer um pedido ao menino Jesus, como antigamente e peço a todos os madeirenses que me acompanhem nesse pedido: Para que o Menino Jesus ilumine a mente dos madeirenses para mudar o nosso Governo Regional nas próximas eleições, porque o atual, que governa há 46 anos, pôs 29% da nossa população em risco de pobreza e que não quer baixar os impostos, para que os madeirenses vivam melhor e sejam mais felizes. Já agora, um segundo pedido para que a governação da Câmara Municipal, também mude, pois prometeu regular o trânsito da nossa cidade e acontece precisamente ao contrário, cada vez mais se “atafulha” a cidade com mais trânsito, devido às medidas erradas que tomaram e como mentiram ao povo para ganharem as eleições, sejam castigados e que não tenham presentes de Natal, porque portaram-se muito mal, mentindo.