O Natal com o bem e com o mal
19 de Dezembro de 2022.
A noite chegara já algumas horas.
Com ela viera um frio, não muito intenso, mas suficiente para recorrermos aos agasalhos próprios da época.
Através das vidraças das janelas do quarto - onde iríamos depois desenvolver este pequeno apontamento - demos conta que chovia.
Uma chuva miudinha, silenciosa, parecendo querer beijar suavemente as plantas e as árvores do jardim, cujos galhos se apresentavam revestidos de luzes de várias cores, iluminando o espaço e toda a casa, toda ela preparada para comemorar a data solene do nascimento de Jesus.
Olhamos em redor e ao longe e deparamo-nos com um fenomenal espetáculo de luz e de brilho, vindo de varandas, de telhados, de quintais e jardins, onde imensas famílias quiseram também lembrar que estávamos em plena quadra natalícia.
Natal!
Época que tem o condão de despertar consciências, de aproximar as pessoas, as famílias, os amigos, de irradiar uma alegria diferente, proporcionar convívios e manifestações de amizade e solidariedade, só esporadicamente vistas ou sentidas em outras alturas do ano.
Natal é amor, é amizade, é fraternidade, mas também simboliza uma época tremendamente emocional, onde todas as sensibilidades estão mais expostas e as recordações vêm ao de cima, muito particularmente, daqueles que amamos e partiram já deste Mundo, deixando-nos, nem que seja por momentos ou por horas, abalados e profundamente tristes.
Mas a vida é assim, sempre assim foi, e o que hoje sentimos pelos outros, outros sentirão por nós com o passar dos tempos.
Mas, ainda assim, não é isso o que mais nos entristece, nos choca, nos perturba.
É certo que a dor, a angústia, a profunda tristeza que sentimos pelos entes queridos que perdemos é quase insuperável, mas temos a consciência que faz parte da “Lei da vida” e o tempo nos leva a amenizar o desgosto. O mesmo não acontece quando sabemos que muitas pessoas, especialmente crianças, não têm hoje, em plena vida, Natal para celebrar!
Nesta quadra natalícia não vamos perder tempo a apontar o dedo aos responsáveis por tamanha injustiça, todos eles estão profundamente identificados, aqui ou em qualquer parte do mundo. Resta-nos apenas pedir a Deus que nos ajude a consciencializa-los de que a vida tem um fim igual para todos.
O pior do Natal não é – como às vezes ouvimos dizer - o consumismo. Não é bom, é verdade, e até tem o triste condão de desvirtuar o verdadeiro espírito natalício, mas o maior perigo está naqueles que fingem celebrar o NATAL.
Os que só nesta altura se lembram que têm família, que têm amigos, que têm empregados, que acham que devem ser humanos, generosos, simpáticos, tolerantes e respeitadores da vida e dos legítimos interesses dos demais.
Mas não falemos mais deles, porque eles, sinceramente, não fazem parte do nosso Natal, do Natal que celebramos e queremos para todos nós.
- Na pessoa do seu diretor, apresentamos a todos quantos trabalham neste matutino, seus familiares e leitores em geral, os votos sinceros de um Natal Feliz e um Ano Novo pleno de saúde e prosperidade.
Juvenal Pereira