Cineasta detida por "terrorismo" e televisões da oposição multadas na Turquia
A cineasta turca Sibel Tekin foi hoje colocada em prisão preventiva por suspeita de pertencer a um "grupo armado terrorista" não especificado, enquanto três canais televisivos conotados com a oposição foram multados pelo regulador turco, informou o diário BirGun.
Tekin, que realiza documentários há mais de 20 anos, foi presa na semana passada após ter filmado durante uma rodagem de forma acidental um veículo pertencente a uma unidade policial, apesar de não estar identificado, indicou Burak Ustaoglu, secretário da Associação Progressiva de Jornalistas (ÇGD), em declarações à agência noticiosa EFE.
Sibel Tekin foi colocada em prisão preventiva alguns dias depois e com base numa acusação genérica, muito frequente na Turquia, de "pertença a um grupo armado terrorista", sem mais especificações por parte da procuradoria ou do Ministério do Interior, revelou a sua advogada, Mehtap Sakinci.
Nos últimos anos, dezenas de intelectuais, académicos e jornalistas turcos, entre muitos outros cidadãos, foram colocados em prisão preventiva sob a acusação de "colaborar com o terrorismo".
Sibel Tekin, que no registo prisional está identificada como "sem organização", foi enviada para a cela já ocupada por Sebnem Korur Fincanci, uma ativista reconhecida internacionalmente e presidente do Conselho de médicos da Turquia (TTB), detida em outubro passado também sob a acusação de "terrorismo".
Em paralelo, o Conselho Supremo de Rádio e Televisão da Turquia (RTÜK), o regulador estatal, anunciou hoje multas dirigidas a três canais televisivos conotados com a oposição.
A televisão Halk TV, acusada de "enaltecer o terrorismo através de decisões", foi penalizada pela exibição de um programa diário, com a sua emissão suspensa provisoriamente.
A Tele1 também foi multada pelo facto de um convidado ter referido num programa que a condenação a prisão imposta na semana passada ao autarca de Istambul, Ekrem Imamoglu, por um discurso político, é um "golpe contra a vontade do povo".
A televisão Fox TV também foi penalizada pelo facto de uma deputada comunista ter criticado num dos seus programas o otimismo do Presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, nos seus discursos sobre temas económicos.
Até agora, no ano em curso, a Halk TV foi multada 22 vezes pelo RTÜK, um organismo controlado pelo Partido da Justiça e do Desenvolvimento (AKP, no poder e liderado por Erdogan), num valor total estimado em dois milhões de liras (cerca de 100.000 euros).
A Turquia realiza eleições legislativas e presidenciais em junho de 2023, com as sondagens a sugerirem uma possível derrota de Erdogan e do seu partido islamita conservador AKP, que governa a Turquia desde 2002.