A Guerra Mundo

Putin promete desenvolver capacidade militar convencional e nuclear

None

A Rússia vai continuar a desenvolver o seu potencial militar, incluindo a "prontidão de combate" das suas forças nucleares e a utilização de mísseis hipersónicos pela marinha, anunciou hoje o Presidente russo, Vladimir Putin.

"No início de janeiro, a fragata 'Almirante Gorshkov' estará em serviço com novos mísseis Zircon, que não têm equivalente no mundo", disse Putin durante uma reunião com os líderes militares para fazer um balanço das atividades das forças armadas e estabelecer objetivos para 2023.

O míssil de cruzeiro Zircon, capaz de atingir nove vezes a velocidade do som, pertence a uma nova família de armas desenvolvidas pela Rússia, tal como o míssil balístico Kinjal.

Estes dois mísseis hipersónicos, que Putin descreveu como invencíveis, já foram usados na guerra da Ucrânia.

A reunião dos principais dirigentes do Ministério da Defesa ocorre em plena guerra na Ucrânia, que a Rússia iniciou em 24 de fevereiro deste ano, quando invadiu o país vizinho para o "desmilitarizar e desnazificar".

Na mesma reunião, o ministro da Defesa, Serguei Shoigu, disse que a Rússia está a combater "as forças combinadas do Ocidente" na Ucrânia através do seu apoio financeiro e fornecimento de armas a Kiev.

Shoigu anunciou que o exército russo vai instalar bases navais para apoiar a sua frota em Mariupol e Berdiansk, duas cidades que ocupa no sul da Ucrânia.

"Os portos de Berdiansk e Mariupol são totalmente funcionais. Estamos a planear a instalação de bases de apoio a navios, serviços de emergência e unidades de reparação naval", disse Shoigu, citado pela agência francesa AFP.

Shoigu propôs também aumentar a dimensão das forças armadas para 1,5 milhões de efetivos e elevar o limite de idade para o serviço militar.

"A fim de garantir o cumprimento de tarefas para garantir a segurança militar da Rússia, é necessário aumentar o número de militares para 1,5 milhões, dos quais 695.000 sob contrato", justificou.

Putin disse concordar com o aumento de efetivos, depois de, em agosto, ter assinado um decreto que já tinha elevado o número de pessoal de combate para 1,15 milhões a partir de 01 de janeiro.

Na sua intervenção, Putin prometeu continuar a desenvolver as capacidades de combate das forças armadas russas, que disse estarem em "constante e diário aumento".

"Vamos continuar a manter e a melhorar a prontidão de combate da nossa tríade nuclear", disse também o líder russo, referindo-se às componentes aérea, marítima e terrestre das forças nucleares.

À semelhança do seu ministro da Defesa, Putin também denunciou que a Rússia enfrenta na Ucrânia o potencial e as capacidades de guerra dos principais países da NATO, aludindo às ajudas militares do Ocidente às forças ucranianas.

"Contudo, os nossos soldados, sargentos e oficiais estão a lutar pela Rússia com coragem e estoicismo. Passo a passo estão a resolver as tarefas definidas e estas tarefas serão cumpridas", disse Putin, citado pela agência espanhola EFE.

Putin disse que os meios da NATO utilizados em operações na Ucrânia para combater as forças russas são bem conhecidos.

"Tendes tudo isto, e tudo isto deve ser minuciosamente analisado e utilizado para construir as nossas forças armadas, para elevar a capacidade de combate das nossas tropas e dos serviços de segurança patrióticos", afirmou.

"Vocês estão a lutar, e eu não temo estas comparações, (...) como os heróis da Guerra de 1812, da Primeira Guerra Mundial e da Grande Guerra Patriótica", acrescentou, referindo-se, no último caso, ao período da Segunda Guerra Mundial entre o ataque nazi à União Soviética e a capitulação da Alemanha.

Putin pediu um minuto de silêncio pelos russos caídos na Ucrânia.