Auditoria

Depois de largamente falada e anunciada, finalmente, realizou-se a Assembleia Geral do Club Sport Marítimo para apresentação dos resultados dessa Auditoria à gestão e às contas, dos mandatos das anteriores Direcções presididas pelo Carlos Pereira.

A expectativa era alta, devo dizê-lo, pois foram efectivamente muitos anos, o tipo de gestão foi muito personalizada e centralizada, num modelo Presidencialista e com o processo de eleições, fracturante, que se verificou, com algumas insinuações incorrectas e se calhar menos próprias, aguardavam-se ansiosamente os resultados. Eu próprio, devo dizê-lo!

Porquê?

Sou o sócio do Marítimo número 13, já cumpri setenta anos de sócio e por isso, interessa-me o que aí se passa; no desempenho das várias e últimas direcções do Clube, fala-se sempre do Carlos Pereira, esquecendo-se, que o acompanharam ao longo dos anos, muitos outros sócios no Clube e na SAD que deram ao longo da sua vida, muito em prol do Marítimo com muito esforço e por vezes sacrificando a sua vida pessoal, em função da dedicação emprestada à causa, alguns deles, com quem tive ao longo dos anos e noutras oportunidades, a honra e o privilégio de servir o Club Sport Marítimo.

Correndo o risco de me poder esquecer de alguém, do que, me penitencio desde já, lembraria o Jacinto Vasconcelos, o João Luís Lomelino, o Ivo Martins, o Jorge Agrela, o Francisco Gonçalves entre outros, além do Jorge de Freitas; aqui e sobre este Jorge tenho de fazer uma declaração de interesses, pois é meu irmão. Pertenceu às Direcções do António Henriques e também acompanhou, na direcção do Clube, não na SAD o Carlos Pereira e que eu saiba sempre, eleitos pelos sócios. Nas dezenas de anos que serviu como dirigente e na sua qualidade de advogado, tratou de dezenas de processos do Clube sempre pro bono, sem receber nunca 1 cêntimo do Marítimo. Já agora, não é o que se passa hoje e é bom que se saiba.

Mas, falemos do resultado da auditoria, que foi o que me trouxe aqui. Resumiria dizendo e para aqueles que esperavam, o aparecimento de malfeitores, salteadores e em “linguagem do Almirante Reis” até alguma “bandidage”, nada, a chamada ópera “bufa”...,para os que verdadeiramente sentem o Clube, independentemente de quem o dirige nos diferentes momentos e fases da sua história, a alegria e o orgulho de ver que afinal quem conduziu o Clube nos últimos anos fê-lo de forma séria e honesta e de acordo com os seus pergaminhos, goste-se ou não do formato e dos resultados alcançados.

A Instituição e sabendo-se que todos, seremos poucos, para o momento difícil que atravessamos, exige que quem a dirige e perante as dúvidas levantadas e dos resultados inequívocos conseguidos, que tenha a nobreza de carácter de ter com os sócios e ex-dirigentes mal tratados, a palavra e o gesto que é fundamental e merecido por eles.

Um Clube só será verdadeiramente grande, se na hora “da verdade”, tiver dirigentes que mostrem dignidade e categoria. Fica o desafio especialmente para o Presidente da Assembleia Geral, Dr. José Augusto Araújo que tal como eu, noutros momentos trabalhou e conviveu com os sócios em questão. Tens a palavra!

João Abel de Freitas