Militares dos EUA suspendem patrulhas contra Estado Islâmico na Síria
As forças norte-americanas interromperam as patrulhas militares conjuntas no norte da Síria de combate aos extremistas do Estado Islâmico, já que as ameaças turcas de uma invasão terrestre bloqueiam essas missões com as forças curdas.
Outras patrulhas de segurança das tropas norte-americanas e curdas mais limitadas, particularmente em torno das prisões, serão retomadas no sábado, disseram fontes oficiais.
O Comando Central dos Estados Unidos da América (EUA) informou hoje que as tropas americanas suspenderam todas as operações conjuntas com as Forças Democráticas Sírias (FDS) lideradas pelos curdos contra o Estado Islâmico (ISIS) na Síria. O Pentágono havia dito na quinta-feira que as operações estavam em andamento, mas reduzidas.
"As FDS continuam a conduzir patrulhas e a manter a segurança no campo de deslocados al-Hol e nas instalações de detenção, em prisões", disse o coronel do Exército Joe Buccino, porta-voz do Comando Central.
"O ISIS continua a ser uma ameaça à segurança e estabilidade regional. Continuamos comprometidos com a derrota duradoura do ISIS e esperamos a retomada das operações contra o ISIS no futuro", acrescentou o norte-americano.
John Kirby, porta-voz do Conselho de Segurança Nacional dos EUA, disse hoje a jornalistas que, tal como no passado, quando há operações turcas no norte da Síria, elas têm impacto nas operações contra o ISIS, já que as forças FDS se concentram em defender-se no norte do país.
A Turquia considera as Unidades de Proteção Popular (YPG), a principal componente das FDS, uma extensão do Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK), considerada terrorista naquele país.
As autoridades norte-americanas disseram que a decisão das FDS de interromper as suas missões contra o Estado Islâmico desencadeou a decisão dos EUA de seguir o mesmo rumo.
Em comunicado, as FDS disseram que outras patrulhas parceiras serão retomadas no sábado nas áreas de fronteira. Contudo, os EUA esclareceram que essas patrulhas não se destinam ao combate dos militantes do Estado Islâmico.
"Um estado de calma e segurança prevaleceu entre a população ao longo da área de fronteira depois que o secretário de Defesa dos EUA, Lloyd Austin, informou o seu homólogo turco, Hulusi Akar, na quarta-feira, que Washington se opõe fortemente ao lançamento da Turquia de uma operação militar no norte da Síria", disseram as SDF em comunicado.
A Turquia lançou os seus ataques depois de um atentado que fez seis mortes e dezenas de feridos em Istambul a 13 de novembro, tendo acusado os curdos da sua autoria, que desmentiram.
O Presidente da Turquia, Recep Tayyip Erdogan, também ameaçou com uma incursão terrestre, sem especificar quando seria lançada.
Nenhuma força ou pessoal dos EUA foi atingido por qualquer um dos ataques. Mas, em 26 de novembro, os militares norte-americanos indicaram que dois 'rockets' atingiram as forças da coligação lideradas pelos EUA em bases na cidade de Shaddadeh, no nordeste da Síria.
Não se registaram feridos ou danos à base, num momento em que cerca de 900 soldados dos EUA se encontram na Síria.
No início desta semana, Mazloum Abdi, comandante das FDS, disse a jornalistas que as operações contra o Estado Islâmico foram "suspensas temporariamente" por causa dos recentes ataques aéreos turcos e que os ganhos obtidos na luta contra o grupo extremista podem estar "ameaçados".