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Risco de fome na Somália aumentará 25% devido ao deslocamento de pessoas

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O risco de fome na Somália pode aumentar em 25% se não forem atendidas as necessidades dos deslocados no país, que já somam mais de um milhão, segundo estimativas da Federação Internacional da Cruz Vermelha (IFRC).

"O deslocamento é um dos quatro principais fatores ou 'ameaças multiplicadoras da fome' na Somália. Responder às necessidades únicas das pessoas deslocadas de uma forma eficiente reduzirá significativamente a probabilidade de fome", o pior estado de insegurança alimentar, disse hoje o diretor regional da IFRC para África, Mohammed Mukhier, numa declaração.

Mukhier acrescentou que "os outros três fatores incluem o agravamento da seca, o aumento dos preços dos alimentos e os combates" num país atingido pelo terrorismo.

Segundo a organização, o aumento da população, para além da capacidade dos campos de deslocados já superlotados, limitará o acesso a água limpa, serviços médicos, higiene e alimentação. Nas casas em que se têm vindo a acolher familiares, os residentes são forçados a partilhar os poucos recursos de que dispõem.

Em janeiro, o número de pessoas afetadas pela seca na Somália somava os 3,8 milhões, um número que aumentou para mais de 7,8 milhões, de acordo com os números da Organização das Nações Unidas.

Perto de 1,3 milhões de pessoas fugiram das suas casas devido à falta de chuva, após o número de pessoas deslocadas ter quintuplicado até agora este ano, num país que vive a sua pior seca dos últimos 40 anos.

De acordo com o último relatório da Classificação da Fase Integrada de Segurança Alimentar (IPC) - uma ferramenta que classifica a gravidade das crises de segurança alimentar - cerca de 8,3 milhões de somalis (cerca de metade da população) irão sofrer de "insegurança alimentar aguda" entre abril e junho de 2023.

É estimado, ainda, que cerca de 730.000 pessoas irão sofrer de fome nesse período, com risco particular nos distritos do sul de Baidoa e Burhakaba e entre a população deslocada na capital, Mogadíscio.

Nestas áreas, a extrema escassez alimentar poderá matar, pelo menos, duas em cada 10.000 pessoas todos os dias.

A Organização Não-Governamental Plan International observou, no início de dezembro, que mais de metade das crianças menores de cinco anos no país - cerca de 1,8 milhões - sofre de desnutrição aguda, uma condição que enfraquece o sistema imunitário, colocando-as em perigo de morte.

Se não for tratada, a doença pode prejudicar gravemente o desenvolvimento físico e cerebral das crianças.

A fome que se aproxima pode ser ainda pior do que a de 2011, que provocou a morte de, pelo menos, 260.000 pessoas.

A seca está também a afetar outros países do Corno de África, incluindo a Etiópia, Quénia, Djibuti e partes do Uganda, e milhões de pessoas estão a passar fome.

A Somália vive num estado de guerra e caos desde 1991, quando o ditador Mohamed Siad Barre foi derrubado, deixando o país sem um Governo efetivo e nas mãos de milícias extremistas islâmicas, como o Al-Shebab e de senhores da guerra.