Justiça sueca rejeita extradição pedida pela Turquia para aprovar entrada de Estocolmo
O Supremo Tribunal sueco rejeitou hoje o pedido da Turquia para a extradição do jornalista turco Bülent Kenes, solicitado pessoalmente pelo Presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, em troca da aprovação da entrada da Suécia na NATO.
O tribunal, ao qual foi apresentado um recurso contra a extradição, considerou existirem "vários obstáculos" à entrega às autoridades turcas deste jornalista, acusado por Ancara de ter sido cúmplice de uma tentativa de golpe de Estado em 2016 e de ser membro do movimento associado ao clérigo islâmico Fethullah Gulen.
O clérigo, que está exilado nos Estados Unidos, é um dos principais opositores do Presidente turco. O seu movimento foi classificado, em maio de 2016, como um grupo terrorista.
Erdogan acusa Gulen de conspirar para o retirar da liderança da Turquia, criando uma rede de apoiantes em setores como a justiça, a imprensa e a educação, estratégia negada pelo líder religioso.
Os dois foram aliados até 2013, ano em que procuradores de justiça turcos tidos como próximos de Gulen iniciaram investigações contra pessoas próximas de Erdogan por suspeitas de corrupção.
A Suécia e a Finlândia abandonaram as suas políticas de longa data de não-alinhamento militar e solicitaram à adesão à NATO (Organização do Tratado do Atlântico Norte), depois de as forças russas invadirem a Ucrânia em fevereiro, com preocupações de que a Rússia pudesse, em seguida, atacar os dois países.
Mas a Turquia, membro da NATO, tem colocado obstáculos à ingressão da Suécia e da Finlândia na Aliança, acusando os dois países nórdicos de ignorarem as ameaças a Ancara dos militantes curdos e de outros grupos que considera terroristas, pressionando-os a reprimir esses grupos.
Ancara também tem pressionado os dois países a suspenderem a proibição, de facto, da venda de armas para a Turquia.
A Suécia anunciou, em setembro, que ia suspender um embargo de armas que tinha imposto a Ancara em 2019, após a operação militar da Turquia contra uma milícia curda na Síria.
Os parlamentos da Turquia e da Hungria ainda não ratificaram os pedidos dos dois países nórdicos para ingresso na NATO, processo já concluído pelos outros 28 Estados-membros da Aliança Atlântica.