Crónicas

Lá para os lados do aeroporto

Onde será o lugar mais feliz do mundo? Não há uma resposta certa… A cena inicial do filme “O amor acontece” (2003) parece-me sugerir que possa ser a zona de chegadas de um aeroporto.

À custa da insularidade viajar de avião nem sempre é uma opção mas sim mais uma obrigação, seja por bons motivos (férias, estudos, negócios) ou maus motivos (saúde). E cada regresso a casa, sobretudo quando temos direito a recepção é a oportunidade para estarmos no lugar mais feliz do mundo.

Nós felizes por chegarmos, felizes os outros também pelo mesmo facto e tudo isto na terra que chamamos nossa. É o encontro entre os que querem abraçar e os que querem ser abraçados.

Num mundo tendencialmente asséptico para emoções mais cruas há espaço para genuinamente deixar sentir a felicidade na sua mais elementar simplicidade.

Fora daquela bolha momentânea o mundo real não vai demorar a relembrar que há guerra, inflação, ódio gratuito, intolerância, etc. Mas aqueles minutos são nossos, partilhamos com quem queremos e com quem nos quer. São lamechas pois e não vem mal nenhum ao mundo por isso. Diluir a toxicidade que não podemos renegar é uma tarefa exigente mas há poucas coisas tão fáceis como simplesmente receber alguém no aeroporto.