Moedas diz que "não seria sério" quantificar "apenas por alto" prejuízos em Lisboa
O presidente da Câmara Municipal de Lisboa recusou hoje "quantificar apenas por alto" os prejuízos do mau tempo, considerando a dimensão "muito grande" do território da cidade, e afirmou que "não seria sério" avançar já com um número.
"Quando tivermos um número, vamos dizê-lo, mas não vamos dizê-lo antes de termos certezas. A dimensão de Lisboa - Lisboa é a capital do país - é uma dimensão muito grande para estarmos a quantificar apenas por alto. Temos que quantificar as coisas muito, muito, muito bem", declarou Carlos Moedas, referindo que o município está à espera dessa informação, através do levantamento de danos que decorre até quinta-feira, 21 de dezembro, em www.lisboa.pt/levantamento-danos.
O social-democrata realçou que cada uma das 24 freguesias do concelho tem "uma dimensão correspondente muitas vezes a cidades no interior do país", pelo que o município não pode avançar com um número neste momento: "Não seria, a meu ver, para a dimensão que temos em Lisboa, sério avançar já com um número."
O autarca falava aos jornalistas à margem do debate "Como concretizar a Transparência e Prevenção da Corrupção na Câmara Municipal de Lisboa?", que decorreu no Teatro Aberto, tendo sido questionado, insistentemente, sobre a ausência de telefonemas com o primeiro-ministro, António Costa (PS).
Carlos Moedas confirmou que não fez, nem recebeu, um telefonema a António Costa, que como residente em Lisboa também sofreu inundações em casa, e desvalorizou a situação, referindo que como presidente da câmara esteve presente "nas ocorrências mais graves" e teve telefonemas de outros membros do Governo, nomeadamente o ministro da Administração Interna, José Luís Carneiro, e a ministra da Coesão Territorial, Ana Abrunhosa.
Por isso, disse, o município teve "esse acompanhamento, de certa forma".
Questionado sobre a ausência de visitas dos membros do Governo ao município de Lisboa, como aconteceu em Loures (câmara presidida por Ricardo Leão, do PS) e em Oeiras (sob a presidência do independente Isaltino Morais), o autarca do PSD relativizou: "As visitas são as visitas. Eu terei muito gosto em receber os membros do Governo, [...] mas não está marcado nada".
"Não vamos levar isto para um caso pessoal ou para um telefonema. Eu, do meu lado, estou bem. Não quero criar mais fricção. Não quero aqui criar mais irritação. Espero que isto não crie mais irritação. Acho que não é bom para a política, mas sobretudo desfocaliza daquilo que é importante nesta situação, que são as pessoas, as dificuldades, os danos que tiveram", afirmou Carlos Moedas, reforçando que o que interessa agora é ajudar os lisboetas e reiterando o pedido de apoio por parte do Governo.
Recordando que foi eleito pelos lisboetas para governar a capital, o social-democrata frisou que esteve e continuará a estar ao lado dos lisboetas mais afetados pelo mau tempo, uma situação "muito difícil" que acompanha "há 10 dias", inclusive com visitas ao terreno.
"Só posso responder com as mesmas palavras do senhor primeiro-ministro: 'O PS tem que se habituar'", acrescentou Carlos Moedas, referindo-se à derrota dos socialistas em Lisboa nas eleições autárquicas de 2021.
Relativamente à resposta do município para apoiar quem sofreu prejuízos com o mau tempo, entre 07 e 14 de dezembro, o autarca voltou a falar da ideia de lançar um fundo municipal de pelo menos três milhões de euros, que "não é um valor fechado", para "ajudar rapidamente" os cidadãos, os comerciantes e as associações da cidade.
A expectativa é de que "essas ajudas em janeiro possam ser uma realidade".
"Vamos ajudar rapidamente nessas compensações, agora o Governo tem que ajudar com muito mais. [...] Não preciso de telefonemas, preciso de ajuda rapidamente", repetiu.
O autarca agradeceu aos elementos das forças de socorro e segurança e aos trabalhadores municipais que deram resposta às centenas de ocorrências relacionadas com o mau tempo - nos dias 07 e 08 de dezembro foram "300 e muitas" e na passada terça-feira foram "600 e muitas".
O presidente da Câmara de Lisboa deixou ainda um agradecimento ao Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, que esteve presente "desde a primeira hora" e que tem telefonado "todos os dias".
A chuva intensa e persistente que caiu na terça-feira causou mais de 3.000 ocorrências, entre alagamentos, inundações, quedas de árvores e cortes de estradas, afetando sobretudo os distritos de Lisboa, Setúbal, Portalegre e Santarém.