DGArtes diz que apoio a artistas não-profissionais "é caminho a fazer"
O diretor-geral das Artes disse hoje, em Minde, Alcanena, que o apoio aos artistas não-profissionais "é um caminho a fazer", salientando o trabalho "invisível" feito em todo o país na formação de profissionais.
O diretor-geral das Artes, Américo Rodrigues, que hoje participou numa sessão de apresentação do projeto da Fábrica da Cultura de Minde, realizada numa antiga fábrica têxtil desta vila do concelho de Alcanena, no distrito de Santarém, referiu a importância dos apoios às estruturas não-profissionais, assegurando que o atual ministro da Cultura, Pedro Adão e Silva, "está disponível" para analisar uma passagem a essa fase.
O diretor-geral das Artes deu o exemplo das bandas filarmónicas, "que dão formação à maior parte dos artistas profissionais na área da chamada música erudita, que começam em bandas filarmónicas, passam para o conservatório ou para outras escolas e depois fazem o seu percurso enquanto profissionais", ou do teatro universitário, "que deu fortíssimas colaborações para a existência de muitos profissionais em Portugal, mas não é apoiado por ninguém".
No rol da "invisibilidade" incluiu, também, o teatro amador ou os grupos etnográficos, entre outros, dizendo acreditar que o projeto hoje apresentado irá "desempenhar um papel muito importante" no apoio aos artistas e à programação.
No decurso da sessão, um bailarino da região, Rafael Carriço, da Vórtice Dance, interrompeu José Pina, diretor do Teatro de Aveiro, que moderava o painel, para dizer lamentar a apresentação de "mais um projeto megalómano" por "personalidades que não querem saber dos artistas".
Américo Rodrigues respondeu, já na ausência de Rafael Carriço, que abandonou a sala, dizendo que gosta e tem "obrigação de ouvir outras opiniões", acrescentando que não foi a primeira vez que uma sessão em que participa é interrompida e que acha "muito importante que vá acontecendo".
Salientando que a Direção-Geral das Artes "é o organismo responsável pelo apoio aos artistas e às entidades artísticas profissionais", o responsável frisou que esse apoio é concedido com regras, através de concursos públicos, sem "nenhuma política de gosto nem nenhum gesto discricionário de apoiar este ou aquele, porque concorda com aquela opção estética ou é amigo daquele".
"Às vezes substitui-se o cumprimento e a aceitação dessas regras por um ruído muitas vezes populista e demagógico, como se houvesse possibilidade de apoiar todos os projetos que concorrem aos apoios, nomeadamente aqueles que têm classificação negativa do júri", declarou.
O diretor-geral das Artes salientou a "renovação total" introduzida com o alargamento dos apoios por mais quatro anos, afirmando que estender os apoios a oito anos, através de mecanismos de eventual renovação que preveem uma avaliação com critérios, "dá previsibilidade, continuidade, sustentabilidade".
Realçando o apoio a mais de 90% dos candidatos aos apoios quadrienais anunciados ao longo das últimas semanas, Américo Rodrigues reconheceu, contudo, que nos concursos bienais "há mais dificuldades", por haver mais concorrentes e menos apoio, mas salientou o aumento da dotação orçamental em 18%.
"Não é ainda o apoio que as entidades precisam [...], mas há um progresso", disse.
Américo Rodrigues elencou outros apoios, nomeadamente a projetos, bem como os apoios em parceria, nomeadamente para trabalhos com pessoas com deficiência, na área da multiculturalidade ou de relação com o ambiente.
Por outro lado, destacou a existência da Rede de Teatros e Cineteatros, que agrega já 84 estruturas em todo o país, depois de um "processo difícil" de credenciação.