Líderes da UE e da ASEAN defendem integridade territorial da Ucrânia
Os líderes da União Europeia (UE) e da Associação de Nações do Sudeste Asiático (ASEAN) defenderam hoje a necessidade de garantir a integridade territorial da Ucrânia face à invasão russa, com "a maioria dos membros" a condenar a guerra.
Numa declaração conjunta divulgada após uma inédita cimeira comemorativa UE-ASEAN em Bruxelas, lê-se que "a maioria dos membros condena veementemente a guerra na Ucrânia e salienta que esta está a causar imenso sofrimento humano e a exacerbar as fragilidades existentes na economia global, limitando o crescimento, aumentando a inflação, perturbando as cadeias de abastecimento, aumentando a insegurança energética e alimentar e elevando os riscos para a estabilidade financeira".
"Houve outros pontos de vista e diferentes avaliações da situação e sanções. Continuamos a reafirmar, como para todas as nações, a necessidade de respeitar a soberania, independência política e integridade territorial da Ucrânia", lê-se ainda no documento.
Esta menção da defesa da integridade territorial e da independência da Ucrânia face à agressão militar russa foi possível apesar de alguns dos países que integram a ASEAN terem optado pela abstenção em recentes resoluções das Nações Unidas.
Na declaração conjunta assinada pelos participantes desta cimeira comemorativa UE-ASEAN, os responsáveis assinalam também que "a utilização ou ameaça de utilização de armas nucleares é inadmissível", esperando o cumprimento dos acordos internacionais nesta matéria, por parte da Rússia.
"Este ano, assistimos à guerra na Ucrânia com um impacto ainda mais negativo na economia global. Houve uma discussão sobre o assunto e reiterámos as nossas posições expressas noutros fóruns, incluindo o Conselho de Segurança da ONU e a Assembleia Geral da ONU", adianta a posição comum.
Os chefes de Estado e de Governo da União Europeia e da Associação de Nações do Sudeste Asiático celebraram hoje, em Bruxelas, a primeira cimeira de sempre entre os líderes dos dois blocos, para comemorar os 45 anos de relações diplomáticas.
Participaram na sessão os líderes dos 27 Estados-membros da UE e os chefes de Estado ou de Governo dos países da ASEAN, organização da qual fazem parte Brunei, Camboja, Filipinas, Indonésia, Laos, Malásia, Myanmar (antiga Birmânia), Singapura, Tailândia e Vietname.
Esta inédita cimeira comemorativa UE-ASEAN antecedeu aquele que será o último Conselho Europeu de 2022, que os líderes dos 27 Estados-membros do bloco comunitário realizam na quinta-feira, igualmente na capital belga, e que será dominado pela guerra na Ucrânia e pela crise energética, um pouco à imagem do que sucedeu ao longo de quase todo o ano.
Falando em conferência de imprensa no final do encontro, em Bruxelas, o presidente do Conselho Europeu, Charles Michel, falou numa "cimeira histórica" por envolver líderes políticos que representam mil milhões de pessoas em 37 países.
Destacando os acordos hoje celebrados, referentes ao transporte aéreo, à cooperação com a Tailândia e a Malásia em diversas áreas e ainda ao pacote de 10 mil milhões de euros em investimentos no sudeste asiático, Charles Michel sublinhou o "reforço do diálogo político" entre a UE e a ASEAN.
Por seu lado, a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, destacou que esta cimeira "iniciou um novo capítulo na parceria" entre estas regiões, "que têm muito em comum apesar de estarem longe" geograficamente.
"A União Europeia apela a uma cooperação mais estreita entre a UE e os parceiros da ASEAN" dado que "a guerra regressou ao continente europeu", adiantou Ursula von der Leyen.
A ASEAN, encarada como parceira estratégica da União desde 2020, constitui o terceiro maior parceiro comercial dos 27 fora da Europa, depois de Estados Unidos e China, com a UE a ser o segundo maior investidor naquela região.