Bispo da Guarda entende que a solução para a crise não é o Governo "dar mais 125 euros"
O bispo da Guarda, Manuel Felício, considerou hoje que a solução para o Governo ajudar as famílias a ultrapassar a crise não é "dar mais 125 euros", mas "criar condições para que as dificuldades gerais sejam diminuídas".
"Eu penso que a solução não é [o Governo] dar mais 125 euros, nem é dar mais metade não sei de quê, porque (...) isto é o seguinte: 'água o deu, água o levou'. Não. É apostar em criar condições para que as dificuldades gerais sejam diminuídas, conter - no caso da inflação -, a instabilidade que está instalada. Isso é que sim. Apostar nisso está certo", referiu hoje Manuel Felício aos jornalistas à margem da leitura da mensagem de Natal.
Para ajudar os portugueses a ultrapassar a crise, o prelado diocesano afirmou que "os políticos têm a obrigação de ter imaginação, quer no diálogo com as entidades patronais, quer no diálogo com quem trabalha, quer no diálogo com as instituições que estão mais perto de quem sofre".
"Se deixam as instituições, as IPSS [instituições particulares de solidariedade social], abandonadas como estão, elas vão ter que fechar a porta. E sabemos que há uma percentagem elevadíssima da nossa população que vive deste serviço. Mas, os entendidos tinham que vir ao terreno e estudar em cada caso que soluções há. E não vêm", vincou.
Questionado pela agência Lusa sobre as dificuldades que poderão ocorrer em 2023, devido à inflação e à guerra na Ucrânia, o bispo declarou que adivinha tempos difíceis para as famílias.
Explicou que o cabaz de compras de produtos básicos aumentou e "com alguns desses produtos a subirem 40 e 50%, necessariamente isso tem que atingir as pessoas".
O país precisa de "uma cultura de proximidade e acompanhamento, para que as pessoas sintam que não estão sozinhas nos momentos difíceis", considerou Manuel Felício.
A mensagem natalícia do bispo da Guarda intitula-se "Natal: A beleza da vida no rosto de uma criança".
O primeiro-ministro, António Costa, anunciou hoje o pagamento de uma prestação extraordinária de 240 euros para um milhão de famílias que recebem prestações mínimas ou que beneficiem da tarifa social da energia.
A medida será aprovada em Conselho de Ministros na quinta-feira e foi anunciada durante uma entrevista à revista Visão, que será divulgada na íntegra igualmente na quinta-feira.
"Esta semana, o Conselho de Ministros vai aprovar um outro aumento, para as famílias mais vulneráveis, de uma prestação extraordinária de 240 euros, que corresponde a um esforço muito grande, tendo em conta aquilo que foi a evolução da inflação neste segundo semestre", revelou o chefe do Governo à Visão.