Mundo

Manifestantes ocupam central de processamento de gás natural no sul do Peru

None
Foto EPA

Cerca de 100 manifestantes ocuparam hoje uma central de processamento de gás natural no sul do Peru, na sequência dos protestos populares que começaram com a destituição do ex-Presidente Pedro Castillo, acusado de tentativa de golpe de Estado.

A Transportadora de Gás do Peru (TGP) revelou, em comunicado, que os manifestantes forçaram o acesso à central, onde circulam hidrocarbonetos em alta pressão, e alertou que "qualquer ataque a esta infraestrutura pode comprometer seriamente a integridade" das pessoas presentes.

A empresa, encarregada de transportar aproximadamente 96% do gás natural que o Peru produz, acrescentou que as pessoas que participaram na tomada da fábrica são da cidade de Kepashiato, na província de Cuzco de La Convención.

Em resposta à invasão, o TGP ativou o seu plano de contingência e notificou as autoridades competentes para "reporem a ordem" na zona, noticiou a agência Efe.

A ocupação desta central de processamento de gás natural insere-se no contexto da eclosão de protestos que o Peru vive desde quarta-feira, quando o então Presidente Castillo lançou uma tentativa de golpe de Estado ao determinar a destituição do Congresso, a constituição de um governo de emergência e a reorganização do sistema de justiça.

Esta crise política, que culminou com a destituição e detenção de Castillo e a subida ao poder da sua vice-Presidente, Dina Boluarte, resultou em manifestações em várias regiões do país, sobretudo na zona sul, que já causaram seis mortos e centenas de feridos.

A elite política e a oligarquia de Lima sempre desdenharam Castillo, um professor rural de origem indígena e dirigente sindical sem ligações às elites, sobretudo apoiado pelas regiões andinas desde as eleições presidenciais que venceu por curta margem na segunda volta contra a candidata de extrema-direita Keiko Fujimori, a filha do anterior presidente Alberto Fujimori, condenado em 2009 a 25 anos de prisão, que não cumpriu na totalidade.

Dina Boluarte, que ocupava a vice-presidência até à sua investidura na passada quarta-feira após a destituição de Castillo, anunciou inicialmente eleições gerais para 2026, mas de seguida indicou ter "compreendido a vontade dos cidadãos" e disse ter "decidido tomar a iniciativa de um acordo (...) para avançar com eleições gerais em abril de 2024".

No entanto, os manifestantes continuam a exigir a dissolução do Congresso (o parlamento unicameral), eleições imediatas e uma nova Constituição.