Rússia regista aumento significativo de actividades terroristas
As atividades terroristas aumentaram este ano em algumas regiões da Rússia, principalmente próximo da fronteira com a Ucrânia, país que Moscovo invadiu em 24 de fevereiro, anunciou hoje o Comité Nacional Antiterrorista russo.
A organização, liderada pelo chefe do Serviço Federal de Segurança (FSB, antigo KGB), Alexei Bortnikov, disse à agência russa Interfax que registou "um aumento significativo do número de atividades terroristas, especialmente em áreas próximas da fronteira" com a Ucrânia.
O comité informou, após uma reunião, que o FSB abortou 123 crimes terroristas, dos quais 64 foram ataques, noticiou a agência espanhola EFE.
A organização associou este aumento a "atividades de inteligência e sabotagem dos serviços secretos ucranianos, levadas a cabo com apoio ocidental e sob a direção dos Estados Unidos".
Atribuiu o aumento também a "tentativas de apoiantes de organizações terroristas internacionais para criar células subterrâneas e cometer atentados terroristas".
Segundo o comité, mais de 400 ucranianos foram detidos na fronteira russa, muitos dos quais estavam envolvidos em alegados "crimes de guerra".
Também 1.026 pessoas suspeitas de envolvimento em atividades terroristas foram impedidas de entrar no país.
"Foram detetados cerca de 2.600 casos de tráfico ilegal de armas, destruídas mais de 50 fábricas de armas clandestinas e abortadas atividades de 70 grupos criminosos envolvidos no fabrico de vários tipos de armas", acrescentou.
Durante a reunião, o comité russo chamou a atenção para a necessidade de se aumentar a proteção antiterrorista de alvos críticos, designadamente, "complexos industriais, nucleares, energéticos e de transportes".
Após um ascendente inicial nos primeiros meses da guerra na Ucrânia, a Rússia sofreu vários reveses militares significativos e as suas tropas foram empurradas para sul e leste por uma contraofensiva ucraniana, depois de Kiev ter recebido armas dos seus aliados ocidentais.
Moscovo tem acusado os serviços secretos ucranianos de envolvimento em ataques terroristas, incluindo a explosão de um carro armadilhado que matou a filha de um apoiante do líder russo, Vladimir Putin, em agosto, e um ataque que danificou a Ponte da Crimeia, em outubro.
A península ucraniana da Crimeia foi anexada pela Rússia em 2014.
Depois do ataque na ponte, a Rússia iniciou uma campanha de destruição das infraestruturas de energia da Ucrânia, que Kiev e o Ocidente consideram ser deliberada para causar sofrimento aos civis durante o rigoroso inverno que se aproxima.
Desconhece-se o número de baixas civis e militares da guerra na Ucrânia, que provocou também mais de 14 milhões de deslocados, dos quais 6,5 milhões em território ucraniano e 7,8 milhões de refugiados noutros países europeus, segundo dados da ONU.