Apoiantes de Bolsonaro serão responsabilizados por caos em Brasília
O secretário de Segurança do Distrito Federal garantiu que os manifestantes que tentaram invadir a sede da Polícia Miliar, causando o caos em Brasília, serão responsabilizados e que o Presidente eleito Lula da Silva está seguro.
"Os crimes que foram cometidos serão apurados, e os responsáveis serão responsabilizados", garantiu, em conferência de imprensa, Júlio Danil, ao lado do futuro ministro da Justiça brasileiro, Flávio Dino, e do chefe da Segurança do Presidente eleito, Andrei Rodrigues.
"Estamos em constante contacto com a equipa de transição, com a equipa de segurança", disse, assegurando que a ordem já foi restabelecida. Por outro lado, afirmou desconhecer quantas pessoas foram detidas até ao momento.
Apoiantes do ainda Presidente brasileiro, Jair Bolsonaro, tentaram invadir na segunda-feira à noite a sede da Polícia Militar, em Brasília e destruíram e queimaram vários veículos, perto do hotel onde Luiz Inácio Lula da Silva está hospedado, na sequência da detenção de um manifestante.
A polícia disparou balas de borracha e lançou gás lacrimogéneo contra os manifestantes que recusam reconhecer a vitória de Lula da Silva nas eleições presidenciais e bloquearam algumas das principais vias de Brasília. Devido aos bloqueios várias pessoas ficaram retidas dentro de um dos maiores centros comerciais da capital brasileira, noticiou a imprensa local.
"Em nenhum momento, o Presidente Lula foi exposto a qualquer risco e está em absoluta segurança e assim permanecerá até à inauguração e ao pleno exercício das suas funções", afirmou o futuro ministro da Justiça, acrescentando que não houve qualquer interação com o ainda ministro da Justiça de Jair Bolsonaro.
Os distúrbios surgiram na sequência da detenção de um indígena identificado como José Acácio Tserere Xavante, por decisão do Supremo Tribunal Federal, por ter participado em manifestações antidemocráticas.
Desde a segunda volta das presidenciais, em 30 de outubro, milhares de apoiantes de Bolsonaro saíram à rua para protestar contra o resultado das eleições e exigir "a intervenção" dos militares para impedir a tomada de posse de Lula da Silva.
À frente do quartel-general do exército, em Brasília, está concentrada a maior manifestação de 'bolsonaristas', que criaram uma autêntica 'cidade paralela', a partir da qual exigem uma intervenção militar para revogar o resultado eleitoral.
"Parte desses manifestantes -- a gente não pode garantir que todos estavam lá -- mas parte estava lá no QG [quartel-general] no acampamento e participaram do ato. Quem for identificado será responsabilizado", disse o secretário de Segurança do Distrito Federal, detalhando que a manutenção deste acampamento "vai ser reavaliada".
Ainda assim, ressalvou que a jurisdição deste espaço pertence ao Exército, sendo que o levantamento do acampamento terá de ter o aval desta autoridade.
Montado há mais de um mês, na noite da vitória de Lula da Silva nas presidenciais, o acampamento, com tendas a perder de vista, tem evoluído e transformou-se numa pequena cidade, cuja missão é impedir a tomada de posse de Lula da Silva a 01 de janeiro.
No meio do acampamento existe a 'rua da restauração', onde se encontra um pouco de tudo, desde açaí, pastéis, queijo da canastra e churrasco, entre outras iguarias da culinária brasileira.
Mas não só: dezenas de casas de banho encontram-se espalhadas pelo acampamento, que ainda tem 'lojas' para os mais variados gostos, de forma a que nada falte aos autodenominados patriotas. Cabeleireiros, lojas de roupa onde se vendem camisolas da seleção canarinha, mas também camuflados, lojas de brinquedos, 'igrejas' católicas e evangélicas e até uma cantina para os mais carenciados.
Patrulhas, muitas das quais em camuflados, andam pelas ruas da 'cidade' para controlarem e garantirem a ordem.
Na segunda-feira, milhares de apoiantes de Bolsonaro concentraram-se, no jardim do Palácio da Alvorada, residência oficial do chefe de Estado do Brasil, naquele que consideraram ser "o dia D" para impedir que Lula da Silva suba a rampa.
A poucos quilómetros de distância decorria a cerimónia no TSE, durante a qual Lula da Silva e o vice-Presidente eleito, Geraldo Alckmin, receberam os diplomas que confirmam a vitória nas eleições presidenciais de outubro e os tornam aptos para assumirem os respetivos mandatos em 01 de janeiro de 2023.
Jair Bolsonaro encontrou-se com os manifestantes junto ao Palácio da Alvorada, acompanhado por um padre que pregou aos apoiantes.