Pobre Nacional
O Clube mais ilustre da Madeira festejou os 112 anos. Cerimónia à medida da pobreza franciscana em que vive o Clube. Em traje de “blue-jeans”. No meio dos pinheiros da serra funchalense. E, vai daí, o presidente sem nada para dizer sobre o futuro do Clube, põe aquele ar de “entendido” eloquente e disparata sobre a seleção da Madeira. Sem referir que o seu anterior presidente da assembleia geral já promoveu, mesmo oficialmente, a criação de uma federação madeirense de futebol com seleção e clubes a participarem nas competições europeias. Mantendo a sua participação a nível das ligas portuguesas. O ridículo é que o presidente, quando se discutiu o tema na opinião pública, e era regulamentarmente possível, não emitiu um único grunhido de apoio ou protesto. Calou-se, como sempre o faz, quando a ideia não é sua. Mais tarde tenta copiar a iniciativa. O governo regional de Alberto João Jardim elaborou um trabalho sério sobre o assunto. Organizado pelo presidente da Associação de Futebol da Madeira, Rui Marote, visitei a Federação do País de Gales em Cardiff e reuni com o presidente da Federação Portuguesa de Futebol. Tudo esbarrou no facto de, durante esse tempo, o presidente da Federação Portuguesa de Futebol, Gilberto Madaíl, ter promovido na FIFA a obrigação de ser território independente, ou estar em regime de negociação para independência, para constituição de federação própria. Deixou de ser o nosso caso. Há trinta e sete federações filiadas na FIFA que não correspondem a territórios independentes filiadas na ONU. Criadas no bom tempo em que nós, como habitualmente, ficámos a discutir o assunto. Não é o caso de São Marino e Andorra, exemplos dados, que são países membros da ONU. A ignorância não perdoa. O nosso grande defeito é não apoiarmos as boas ideias até as pretendermos fazer nossas. Mas, quero crer, que a pretensão exposta no dia de aniversário pretende trazer os clubes da Madeira para um campeonato “regional”, que alimentasse a seleção e fizesse desistir da participação nacional. Um absurdo, próprio de quem percebe que não leva o Nacional a lado algum e o melhor é trazê-lo, exclusivamente, para a Madeira. Se não consegue fazer mais, desista. A ideia de um PRR para o futebol é do mais ridículo que ouvi. Só quem não percebe que nem há dinheiro disponível para as empresas. E, já agora, é preciso dizer que com este governo regional não entra mais dinheiro no futebol do Clube. Todos sabem o que foi dito pelo presidente do Nacional, sobre a câmara municipal, quando MA era edil.
Miguel de Sousa