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A desilusão

Prontos ficaram os que gostam menos de Ronaldo para encontrar na sua ausência a razão para a excelente prestação da nossa selecção, no encontro com a Suíça, para os oitavos de final do campeonato do mundo. Tenho outra teoria.

Até Gonçalo Ramos fazer o inesperado e espectacular golo inicial foi ver Portugal jogar como de costume. Atrevo-me a dizer que, nesse período de 15 minutos, o adversário mostrava-se mais acutilante. Do banco chegavam as recomendações de sempre: calma, circulação de bola e paciência.

Com a inauguração do marcador tudo mudou. Os jogadores pareceram ter ficado em auto-gestão e passaram a evoluir em liberdade. Como apreciam e fazem nos seus clubes. E com a confirmação da vantagem, por Pepe, então foi de vez. Uma exibição soberba de um conjunto fantástico de futebolistas. Que nos maravilham quando disputam as partidas como gostam, nós também e como há muito não se via.

Com Marrocos já não podíamos esperar pelos espaços que nos concederam os helvéticos. Era sabido que iam jogar com o bloco baixo e rapidez nas transições. Para responder o técnico português inventou um colete de forças táctico com posse lenta e inútil (como o engenheiro gosta) que cerceou a criatividade e liberdade dos nossos atletas. Viramos equipa banal. Levamos um golo, que era o que não podia acontecer.

Quando tocou a remediar, na 2ª parte, já era tarde. Perdemos e a desilusão aconteceu. Pode ter sido desperdiçada uma grande geração de futebolistas. Agora, se quiserem encontrar um culpado, não procurem o Ronaldo, nem os demais. Procurem na opção técnica ultrapassada que não acompanha a qualidade dos nossos jogadores. Esses merecem mais.