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"Milagre" na SATA anima privatização

O presidente da SATA, Luís Rodrigues, aborda o 'voo de uma empresa em transformação’

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O presidente da SATA, Luís Rodrigues, admitiu que um “milagre” salvou a SATA, o que é determinante para o processo de privatização da Azores Airlines que arranca em 2023.

Durante nova intervenção no 47.º Congresso Nacional da Associação Portuguesa das Agências de Viagens e Turismo (APAVT), que decorre em Ponta Delgada, São Miguel, nos Açores, desta feita sobre ‘O voo de uma empresa em transformação', Luís Rodrigues revelou que de empresa falida em 2019, com 230 milhões de euros de capitais próprios negativos, com 72 milhões a devolver ao accionista, e com 215 milões de euros perdidos na pandemia, e ainda com os efeitos da guerra no preço dos combustíveis e com disrupções graves nos aeroportos no Verão, a SATA sobrevive e entra numa fase decisiva.

Luís Rodrigues entende que a SATA deve servir em primeiro lugar os residentes nos Açores e a diáspora e só depois da “mobilidade pura” os turistas de mercados adjacentes e relevantes, as transferências.

Quanto à missão da companhia aérea, que mau grado a privatização continuará a ser detida em 49% pela Região Autónoma dos Açores, julga que o grupo SATA deve ter pessoas felizes a trabalhar de modo a melhor servir os clientes, ser das mais eficientes da indústria e continuar a ser um motor económico e social da Região.

Companhia não alinha “competição regional” entre ilhas

Na intervenção anterior, feita ontem, o presidente da SATA referiu como propósito da companhia ver os Açores como um todo e maximizar o serviço prestado a todas as ilhas de forma sustentável.

Luís Rodrigues deixou claro que a companhia não alinha “competição regional” entre ilhas, servindo todas por igual, embora admita haver problemas de identidade.

Também salientou que não quer esmolas resultantes da ultraperiferia, tudo fazendo para que a SATA esteja plenamente integrada no ambiente açoriano e na política definida para o destino que não quer ser de massas, de sol e de praia. “Deixemos isso para a Madeira ou para outras ilhas e fico encantado. Não somos esses e ponto final. Não temos que ter problemas com isso porque somos 8 biliões no planeta e somos pequeninos, por isso não há de faltar gente para encher isto durante muitos anos com turismo de qualidade”, sublinhou.

Luís Rodrigues fez votos que chovesse – e tem chovido durante o congresso da APAVT – pois assim “ninguém vem ao engano”. Nos Açores o turismo é natureza, aventura e saúde quando conseguirmos vender o produto com essa especificidade podemos ter a certeza que a qualidade do turismo vai melhorar e o valor acrescentado que aqui fica também.

O que é certo é que o caminho de “estabilidade” que tem promovido é elogiado. Na quinta-feira o presidente do Governo Regional dos Açores, José Manuel Bolieiro, anunciou que Luís Rodrigues será o presidente da nova holding que abre caminho à privatização da Azores Airlines, pois o Conselho do Governo realizado na passada semana aprovou já a resolução que estabelece a reorganização societária do Grupo.

Esta reorganização societária permite criar uma holding “que permitirá separar as várias empresas, isolando a SATA Air Açores de contágios perniciosos e viabilizando a alienação da Azores Airlines”.

O presidente do Governo Regional anunciou ainda que “será criada uma comissão técnica de acompanhamento da privatização da SATA” para existir “um actor a acompanhar com transparência e rigor o processo da sua privatização”.

José Bolieiro recordou ainda que “o plano e o orçamento da Região Autónoma dos Açores aprovados no final de Novembro assumem que a privatização de pelo menos 51% do capital da SATA Azores Airlines, que será feita de forma amiga do mercado, avançará já em 2023, quando o plano de reestruturação requer que seja apenas feita até final de 2025”.