Livro narra odisseia da construção do Centro Português de Caracas na Venezuela
Um livro sobre o Centro Português de Caracas procura preservar a memória e história da instituição luso-venezuelana, que a autora, Maria Olga Gomes, define como "uma embaixada social".
O livro "Resenhas do Centro Português, desde o meu ponto de vista", de Maria Olga Gomes, foi apresentado esta semana em Caracas.
"O título está em espanhol porque foi escrito em espanhol, mas está dedicado a toda a comunidade do Centro Português. O objetivo é preservar o legado que os primeiros portugueses que foram fundadores e promotores deixaram a novas gerações", disse a autora à agência Lusa.
Filha de madeirenses, licenciada em música, radialista e professora de língua portuguesa, Maria Olga Gomes explicou é a história do centro português "que, mais do que um clube, é uma instituição".
"E atrevo-me a dizer que em Caracas temos uma embaixada diplomática (de Portugal) e nós, sócios do Centro Português, temos uma embaixada social", acrescentou.
"Sentimos o privilégio de ter uma das melhores instituições que há na Venezuela, por isso é importante dar a conhecer este percurso que o Centro Português tem feito", disse Olga Gomes, recordando que, antes da atual sede própria, o organismo fundado em 1958 esteve nas localidades caraquenhas de El Paraíso, Sebucán, La Castellana e Macaracuay.
Durante a apresentação do livro, que teve lugar na sede do centro, a autora referiu que pretendia ainda fazer "pensar seriamente sobre o que significa ser português e associado desta magna casa".
"Mostra orgulhosamente o resultado de um grupo de portugueses que, ao longo dos anos, demonstraram a capacidade de resistir em tempos muito adversos, da capacidade de planear com rigor e executar com determinação as ideias mais audaciosas e de alcançar uma das melhores instituições da Venezuela", afirmou.
Recordando o fundador do clube, Daniel Morais, que definiu como "homem visionário", a autora insistiu no "dever coletivo de construir", com os "costumes, música, tradições" a respetiva "identidade, sendo capazes de ultrapassar distâncias e nostalgias".
Nesse sentido, considerou que os portugueses, na Venezuela, "são exemplo de seriedade, responsabilidade e trabalho".
"Percebi que os livros servem para manter a memória do povo e são talvez um ponto de encontro para o futuro das novas gerações", frisou.
Por outro lado, o presidente do Centro Português, Sérgio Nunes salientou que "há tantos detalhes, tanto sofrimento, tanto trabalho feito ao longo dos anos" e que a escritora captou "o importante que significa" para os associados, recordando que desde criança Maria Olga Gomes "conhece as paredes" da instituição.
"Que bom que nos tenha dado este grande presente. É importante conhecer a nossa história, saber como se realizou este grande trabalho e conhecer os detalhes iniciais para poder amar o que temos", vincou.
Sérgio Nunes aproveitou para notar que nos estatutos do Centro Português não aparece a palavra "clube, mas sim instituição", a "segunda casa, onde se promove a cultura portuguesa, a portugalidade, as relações interpessoais e que bom é conhecer a história".
O presidente do Centro Português explicou que a comissão de damas recolheu mais de 2.000 fotos históricas do clube que estão a ser digitalizadas e que proximamente serão disponibilizadas 'online', complementando "a informação valiosa" descrita no livro.
A obra "Resenhas do Centro Português, desde o meu ponto de vista", com mais de 130 páginas, descreve cronologicamente as distintas fases da construção da instituição, a criação da distinção Grande Cordão João Fernandes Leão Pacheco e do Prémio Obrigado.
O livro também aborda o perfil do fundador, Daniel Morais, e dirigentes, as distintas comissões, grupos folclóricos, de teatro, cultura, conceitos, eventos e ícones culturais, entre outros assuntos.