Montenegro acusa socialistas de serem os "amigalhaços" da indústria privada de saúde
O presidente do PSD, Luís Montenegro acusou, na noite de quarta-feira, os socialistas de serem os "amigalhaços da indústria privada de saúde" por durante os governos que lideram proporcionarem ao setor "rentabilidades que são inalcançáveis".
"Os socialistas queixam-se muito, reclamam muito mas a verdade pura e dura é que quando os socialistas governam a saúde privada enriquece, quando os socialistas governam a saúde privada atinge rentabilidades que são inalcançáveis num momento de normalidade, o que vale por dizer que os amigalhaços da indústria privada da saúde são os socialistas. Isto tem de ser dito porque eles dizem uma coisa e fazem outra", afirmou o líder social-democrata num jantar em Monção que juntou cerca de 600 militantes do distrito de Viana do Castelo.
Montenegro reagia às declarações, na quarta-feira, do ministro da Saúde no parlamento, que classificou de "fantásticas".
"Confrontado com o caos que se vive no setor disse basicamente o seguinte: É indesejável, mas se for necessário vamos recorrer aos privados para dar a resposta que o SNS não consegue dar. Foram precisos tantos anos para reconhecer o que andamos a dizer há anos", questionou.
Para o presidente do PSD, Manuel Pizarro, além de reconhecer de "forma envergonhada" o recurso ao setor privado para colmatar a falta de resposta do Serviço Nacional de Saúde (SNS) fê-lo "da pior maneira possível".
"Disse, eu não quero, eu até nem curto esse setor, mas se tiver muito aflito vou a correr pedir ajuda aos privados. O que o senhor ministro está a fazer é a convidar o setor privado a cobrar o preço que quiser porque ele está a dizer que nos momentos de aflição vai para os braços dele. Os mesmos que dizem que não querem, são os mesmos que transformam a saúde privada no negócio mais florescente que já alguma vez existiu em Portugal", atirou.
Montenegro disse que o PSD não vai dar "um instante de descanso ao Governo, pressionando para que tome medidas estruturais e conjunturais", entre outras, na área da saúde que considerou um caso "verdadeiramente escandaloso e um caos completo".
"São milhares de portugueses a quem prometeram um médico de família e não têm, cerca de 1,5 milhões de pessoas, que querem uma consulta e não têm, que querem intervenção cirúrgica e ficam anos à espera, que enfrentam filas de espera, com urgências a fechar e o ministro a dizer que está tudo a melhorar e as administrações ou diretores clínicos a demitirem-se por falta de meios, por se sentirem impotentes para colmatar a situação", disse.
Para o líder social-democrata, o país só não tem um "sistema de saúde mais eficaz porque a ideologia venceu as necessidades dos cidadãos, o complexo ideológico do PS, do PCP e do BE causaram prejuízos diretos na vida dos cidadãos".
"Até outubro, três milhões e trezentos mil de portugueses tiveram de pagar um seguro de saúde para ter alguma capacidade de resposta. Gastaram com isso mais de mil milhões de euros, para além de todos os impostos que pagam, do reforço de dinheiro que houve no SNS. Aos três milhões e trezentos mil portugueses somam-se mais cerca de um milhão e duzentos mil beneficiários da ADSE. Só aqui estamos a falar de metade da população portuguesa que tem de pagar extra para ter o mínimo de resposta", observou.