Militantes apresentaram mais de 500 alterações ao projecto de resolução da conferência do PCP
Os militantes comunistas apresentaram "mais de 500" propostas de alteração ao projeto de resolução da Conferência Nacional do PCP, que vai realizar-se no próximo fim de semana, disse hoje à Lusa fonte da direção do partido.
Em pouco mais de um mês, as bases comunistas apresentaram mais de 500 propostas de alteração ao projeto de resolução da quarta Conferência Nacional, que vai realizar-se entre os dias 12 e 13 de novembro, no Pavilhão do Alto do Moinho, no Seixal.
A 'jogar em casa', uma vez que a autarquia é comunista, entre 900 e 1.000 delegados, de acordo com uma estimativa avançada à Lusa pelo partido há cerca de dois meses, vão debater o reenquadramento do partido e que PCP querem para o futuro.
Os militantes e as estruturas locais do PCP puderam apresentar alteração ao documento entre 22 de setembro e 27 de outubro.
Fonte do PCP não esclareceu que tipo de alterações foram propostas ao projeto de resolução que foi aprovado pelo Comité Central e que está divido em seis pontos ao longo de 16 páginas.
Um dos objetivos para o reforço do partido é a formação de mais 1.000 quadros "com destaque para operários e outros trabalhadores, jovens e mulheres" até 2024.
A direção comunista considera que colocar "nas mãos de mais militantes a responsabilidade" e o papel de "protagonistas e construtores" vai levar ao "aperfeiçoamento do estilo de trabalho" e a uma "mais ampla ação" do partido.
O recrutamento de mais militantes faz parte de um esforço para reestruturar o PCP e contrariar a "ofensiva antidemocrática, com forte pendor anticomunista" -- uma das justificações apontadas para o declínio eleitoral do partido que foi amplamente verbalizada por dirigentes nos últimos anos.
Apesar daquilo que considerou ser uma "extraordinária resposta dada pelo coletivo partidário nos últimos anos que assegurou não apenas o funcionamento da organização no seu todo, mas também a intervenção política", o PCP perdeu praticamente metade dos deputados em dois anos (elegeu dez nas legislativas de 2019, mas ficou reduzido a seis nas eleições antecipadas de janeiro deste ano).
O desenvolvimento e intensificação da "luta dos trabalhadores e das massas populares", através do trabalho de proximidade com as estruturas sindicais, nomeadamente a CGTP, também faz parte do objetivo de alcançar a "política alternativa, patriótica e de esquerda" - expressão quase sempre presente nas intervenções do secretário-geral cessante do PCP, Jerónimo de Sousa -- que o partido preconiza.
É a quarta vez que o partido recorre a este modelo de auscultação dos militantes, com o propósito de se reenquadrar na realidade do país. A conferência deste ano, intitulada "Tomar a iniciativa, reforçar o partido, responder às novas exigências", vai abordar os contextos nacional -- a maioria absoluta do PS e o aumento do custo de vida -- e internacional -- a incerteza quanto à reorganização do quadro geopolítico, a expansão da NATO e o que os comunistas consideram ser a "política de confrontação" contra a Rússia e a China.