Coreia do Sul afirma que Pyongyang disparou míssil semelhante ao russo S-20
O Governo da Coreia do Sul disse hoje ter recuperado os fragmentos de um míssil norte-coreano lançado há uma semana, cuja análise mostrou um projétil semelhante ao S-200 russo, usado recentemente na Ucrânia.
A marinha sul-coreana encontrou, no domingo, um fragmento do míssil de três metros de comprimento e dois metros de largura nas águas da Zona Económica Especial do Sul (ZEE), no mar do Japão (conhecido como mar Oriental nas duas Coreias).
Os destroços analisados "mostraram tratar-se de um míssil norte-coreano SA-5 [designação da NATO para o S-200] em termos do aspeto e características", indicou o Ministério da Defesa da Coreia do Sul, numa declaração.
O S-200 ou SA-5 é um míssil terra-ar de longo alcance que "a Rússia utilizou recentemente como míssil terra-ar na guerra na Ucrânia", observaram os militares sul-coreanos.
Na terça-feira, o Ministério da Defesa da Coreia do Norte negou as acusações dos Estados Unidos de que Pyongyang está a fornecer munições de artilharia à Rússia para a guerra na Ucrânia.
Na semana passada, o porta-voz do Conselho de Segurança da Casa Branca, John Kirby, acusou a Coreia do Norte de estar a enviar um "número significativo" daquelas munições para a Rússia "de forma encoberta", "tentando fazer parecer que estavam a ser enviadas para o Médio Oriente ou África".
No dia 02 deste mês, Seul detetou o lançamento do que identificou como três mísseis balísticos de curto alcance, a partir da costa oriental, tendo um deles caído no mar, a apenas 57 quilómetros a leste da cidade costeira sul-coreana de Sokcho.
Foi a primeira vez, desde a divisão da península, que um míssil norte-coreano atravessou a Linha Limite Norte, que divide as águas dos dois vizinhos, para cair nas águas da ZEE sul-coreana.
Este míssil foi apenas um dos cerca de 30 que a Coreia do Norte disparou entre quarta-feira e sábado, em resposta a grandes manobras aéreas conduzidas pela Coreia do Sul e pelos EUA.
A tensão na península coreana está a atingir níveis sem precedentes face aos repetidos testes de armas norte-coreanos, às manobras aliadas e à possibilidade de que, como indicado pelos satélites, o regime de Kim Jong-un esteja pronto para conduzir o primeiro teste nuclear desde 2017.
A Coreia do Norte sempre encarou as manobras militares EUA-Coreia do Sul como ensaios para uma invasão ou para derrubar o regime de Kim Jong-un.
As duas Coreias continuam tecnicamente em guerra, uma vez que o conflito de 1950-53 terminou com a assinatura de um armistício e não de um tratado de paz.