Diminuir a pobreza? É evidente que assim, não vamos lá…
É nítido que a forma e conteúdo da sociedade em que hoje se vive, revela-se em várias frentes e da pior maneira, colocando sempre em evidência o egoísmo, a competição e, no pior cenário, a indiferença
“A educação é o melhor elevador social”, ouvimos amiúde. Mas qual educação? A que temos? que em grande parte “instrui” os alunos para que eles contribuam para a destruição do planeta que os acolhe? Também há um novo “mantra”, - temos a geração mais qualificada de sempre -. Não será mais formatada, em vez de qualificada? É óbvio que é improtelável uma rutura com o modelo de ensino e doseio de conteúdos, instalando-se um novo paradigma que se alinhe com a essência do ser humano e de tudo o que de natural o rodeia. A sementeira e fomento da pobreza começam na escola que temos, com os conteúdos que ministra, potencialmente geradores da injustiça que hoje se assiste na distribuição da riqueza gerada e que se revelam, particularmente, na idade ativa dos jovens. São os próprios estabelecimentos de ensino, instituições que deveriam indubitavelmente, abraçar matérias que desenvolvessem a espiritualidade dos alunos, e entenda-se espiritualidade como uma disciplina isenta e despoluída de qualquer religião, proporcionando-lhes uma visão holística, gregária e solidária da existência humana, que, paradoxalmente, estão focados em matérias com vista ao enfrentar o mercado de trabalho pelos jovens. Com este formato, outro resultado não é possível obter, que não seja o que hoje observamos, onde a regra é cada um por si. Também na decorrência do modelo de sociedade implantado, “aprimorado” depois pelas práticas da democracia existente, nas próprias eleições políticas, o que se percebe é que o eleitor vota naquele partido que ele entende que melhor serve os seus interesses, ao invés de optar votando no partido que melhor defenderia os interesses da coletividade. Ou seja, a cada cidadão/eleitor é dada a oportunidade de manifestar, secretamente, a sua declaração de egoísmo/individualismo. É nítido que a forma e conteúdo da sociedade em que hoje se vive, revela-se em várias frentes e da pior maneira, colocando sempre em evidência o egoísmo, a competição e, no pior cenário, a indiferença. Criou-se um tempo, em que quando estamos na posse das respostas, as perguntas (exigências) rapidamente mudam. Ora, o aumento dos níveis de pobreza a que na atualidade assistimos, é indiscutivelmente agravado pela conjuntura internacional, mas a pobreza em Portugal e na maior parte do mundo dito desenvolvido, é estrutural, e resulta fundamentalmente da má distribuição da riqueza produzida, onde o neoliberalismo e a sua tentativa, inglória nos tempos que correm, de diminuir a dimensão/intervenção do Estado tem grandes responsabilidades. É também claro que o tipo de sociedade existente, não tem freios e contrapesos suficientes e que atuem atempadamente. E é evidente que o Estado administra mal, é burocrata e tem outras fragilidades. Mas ainda assim, é preferível um Estado com algum grau de ineficiência, que a sua ausência ou atrofiamento. Seria o caos, como aliás se provou na recente pandemia Covid19, onde os “neoliberais & cia, Lda”., fizeram fila no estender da mão ao “contrato social” representado pelo Estado. Se genuinamente se quer enfrentar o monstro que esta sociedade há muito começou a alimentar, urge atuar na raiz, e essa está, indiscutivelmente, na escola.