A Guerra Mundo

Papa deseja que acordo na Etiópia gere paz duradura e pede fim da guerra na Ucrânia

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O Papa desejou hoje que o acordo assinado para pôr fim às hostilidades na Etiópia encoraje uma paz duradoura e reiterou o apelo para acabar com a guerra na Ucrânia.

Durante o último ato da sua viagem de quatro dias ao Bahrein, no encontro com o clero do país, o Papa Francisco recordou que nos últimos meses se tem rezado pela paz e, neste contexto, desejou que "a declaração que foi assinada na Etiópia encoraja todos a apoiar este compromisso de paz duradoura e que, com a ajuda de Deus, os caminhos do diálogo continuem a ser seguidos e que o povo tenha em breve uma vida de serenidade e dignidade".

Francisco também pediu orações pela "Ucrânia martirizada e pelo fim desta guerra". Durante a viagem, o chefe da Igreja Católica tinha apelado para o início das negociações de paz.

O Governo etíope e os rebeldes da região de Tigray do norte da Etiópia, em guerra desde 2020, concordaram em pôr fim às hostilidades, disse na quarta-feira o Alto Representante da União Africana (UA) para o Corno de África, o ex-presidente nigeriano Olusegun Obasanjo.

A guerra começou em 04 de novembro de 2020, quando o primeiro-ministro etíope Abiy Ahmed ordenou uma ofensiva contra a Frente Popular de Libertação de Tigré, (FPLT) em resposta a um ataque contra uma base militar federal e a uma escalada das tensões políticas.

Milhares de pessoas foram mortas e cerca de dois milhões foram deslocadas pelo conflito.

Hoje, o Papa Francisco despediu-se do Bahrein, pedindo à Igreja local para ser "sempre a favor do diálogo" com "irmãos e irmãs de outras crenças e confissões" num país muçulmano e onde os católicos são cerca de 80.000 e quase todos imigrantes das Filipinas e da Índia.

"Tentemos ser guardiães e construtores de unidade! Para sermos credíveis no diálogo com os outros, vivamos a fraternidade entre nós (...) Façamo-lo também na sociedade multirreligiosa e multicultural em que vivemos. Sejamos sempre a favor do diálogo, sejamos tecelões de comunhão com os nossos irmãos e irmãs de outros credos e confissões", disse.

Na Igreja do Sagrado Coração no Bahrein, a primeira igreja a ser construída no país do Golfo Pérsico em 1939, e a única até dezembro último quando a nova catedral foi inaugurada, o Papa disse aos religiosos para darem sempre um exemplo de fraternidade e "para rejeitarem as tentações do inimigo, que semeia sempre o joio".

O Papa recordou que a comunidade católica é um "pequeno rebanho composto por migrantes" e "que trazem no seu coração um pouco de nostalgia" e entre estes citou os fiéis do Líbano, "aquele amado país, tão cansado e provado, e todos os povos sofredores do Médio Oriente".

"É bonito pertencer a uma Igreja constituída por diversas histórias e rostos que encontram harmonia na única face de Jesus", disse.

Francisco conclui assim uma viagem de quatro dias ao Bahrein para intensificar a aliança com o Islão, como já fez nas suas mais de 10 viagens a países de maioria muçulmana e, para esse efeito, reuniu-se novamente com o imã da Universidade Al Azhar do Egipto, Ahmed al Tayeb, com quem assinou em 2019, em Abu Dhabi, o documento para a Irmandade Humana, e também participou numa reunião do Conselho Muçulmano de Anciãos, que promove os valores da tolerância e da paz entre as religiões.

Mas o seu objetivo tem sido também o de incitar ao respeito não só pela liberdade religiosa, mas também "liberdade de culto" para que os católicos de toda a região possam professar a sua fé e ir, por exemplo, à missa, algo que não acontece na vizinha Arábia Saudita, onde não existem igrejas e alguns dos fiéis atravessam a ponte para o Bahrein a fim de participarem no rito.