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Dirigente da APED diz que Governo decidiu taxar lucros excessivos na distribuição sem fazer contas

Diretor-geral da Associação Portuguesa das Empresas de Distribuição, Gonçalo Lobo Xavier
Diretor-geral da Associação Portuguesa das Empresas de Distribuição, Gonçalo Lobo Xavier

O diretor-geral da Associação Portuguesa de Empresas de Distribuição (APED) diz que o Governo não fez contas ao decidir taxar os lucros excessivos na distribuição, garantindo que as empresas não estão a refletir nos preços o aumento dos custos de produção.

"Ninguém está a beneficiar, antes pelo contrário, da inflação, ninguém está a beneficiar do aumento do custo das matérias-primas, nem do custo da energia. Os preços estão a aumentar porque estão a aumentar em toda a cadeia de valor, desde a produção, à indústria e aos transportes", afirmou o diretor-geral da Associação Portuguesa das Empresas de Distribuição (APED), Gonçalo Lobo Xavier, em entrevista à Antena1 e ao Jornal de Negócios.

Segundo o dirigente da APED, o Governo não fez contas ao decidir tributar os lucros excessivos na distribuição, afirmando que o primeiro-ministro, António Costa, baseou a sua decisão apenas numa "perceção", uma vez que as empresas estão a cortar nas margens e não estão a refletir no preço final o aumento dos custos de produção.

Gonçalo Lobo Xavier disse ainda que o Governo nunca falou com as associações ou com as empresas, nem formal nem informalmente, sobre a medida.

O diretor-geral da APED indicou que "o preço ainda tem espaço para aumentar" porque a escalada dos custos dos fatores de produção vai continuar, a cadeia de valor está pressionada, e o último elo dessa cadeia - o consumidor - vai sentir o impacto.

Nos últimos dois meses, segundo referiu, registou-se uma redução do consumo no retalho alimentar da ordem dos 15% e uma alteração no perfil do consumidor: 50% dos produtos que são vendidos na área alimentar, estão em promoção.

Já em declarações à Lusa, em 27 de outubro, o líder da APED manifestou-se surpreedido pelo anúncio do primeiro-ministro, feito no dia anterior, no parlamento, de que o setor estará incluído na proposta para tributação de lucros inesperados.

"Ficamos surpresos, até porque não sabemos o que é que o primeiro-ministro quer dizer com lucros inesperados. Sejamos sérios, julgo que todos queremos empresas sólidas a criar emprego, valor e bons resultados precisamente para continuar a apoiar a economia", indicou Gonçalo Lobo Xavier.

No parlamento, o primeiro-ministro disse que a proposta de lei que o Governo irá apresentar para a tributação de lucros inesperados vai avançar "mal termine" o debate sobre o Orçamento do Estado para 2023 e "é para aplicar aos lucros de 2022, e não aos lucros de 2023".