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Lagarde reitera que haverá mais aumentos das taxas de juro do BCE

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Mais aumentos das taxas de juro são de esperar no futuro por parte do Banco Central Europeu (BCE), disse hoje a presidente do BCE, Christine Lagarde, num discurso na capital da Estónia, Tallinn.

"Aumentámos as taxas em 200 pontos base e esperamos aumentar ainda mais as taxas. O nosso trabalho ainda está longe de estar completo", disse Lagarde sobre os esforços do BCE para travar a inflação na zona euro.

Lagarde reiterou que o BCE terá de aumentar as taxas "para níveis que permitam atingir o objetivo [do BCE] a médio prazo de 2% de inflação", e que o "objetivo final" é claro e ainda não foi atingido.

A presidente do BCE salientou que a inflação, que está a bater níveis recorde em alguns países da zona euro, é um fenómeno complexo, em que novas combinações de fatores estão a tornar os aumentos de preços mais rápidos e mais persistentes.

"Desde o início da união monetária que não assistimos a uma mudança tão rápida no ambiente inflacionista", reconheceu.

"A inflação na zona euro - que era negativa em dezembro de 2020 - subiu 11 pontos percentuais durante a pandemia para o nível no mês passado. A inflação de base, que exclui energia e alimentos, subiu 4,8 pontos", salientou Lagarde.

Lagarde explicou que ocorreram confinamentos, ruturas da cadeia de abastecimento, cortes na produção de energia, bem como a invasão da Ucrânia pela Rússia, enquanto a procura saltava de um setor para outro a grande velocidade.

Em relação à guerra da Ucrânia e ao impacto desta no mercado energético, Lagarde previu que os preços do gás permanecerão elevados durante algum tempo, uma vez que os países europeus terão de pagar mais para atrair importações de gás natural liquefeito para substituir os fornecimentos russos.

A presidente do BCE também deu a entender que o banco começará a inverter a política de flexibilização quantitativa (a utilização da compra de obrigações para aumentar a oferta monetária).

O processo de "aperto quantitativo" ainda é experimental e está a ser testado pelos bancos centrais fora da zona euro, disse Lagarde em declarações feitas após o seu discurso oficial.

Sobre a política económica e possíveis reformas no sentido mais amplo, Lagarde expressou a sua esperança de que a União Europeia (UE) avance para uma união bancária, união dos mercados de capitais, e eventualmente alguma forma de união da política orçamental.

"Não vai acontecer da noite para o dia", disse, referindo-se a ações comunitárias conjuntas nas áreas da energia e à assunção de créditos conjuntos através da Comissão Europeia (CE) durante a pandemia.

Lagarde advertiu também que, com o fim dos programas de ajuda resultantes da pandemia, é também tempo de abandonar as expectativas de que haverá uma despesa pública generosa para conter o impacto da inflação e que, pelo contrário, é tempo de o apoio orçamental ser "temporário, direcionado e feito à medida".