A Guerra Mundo

Moldávia diz que neutralidade não significa auto-isolamento

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O ministro dos Negócios Estrangeiros da Moldávia, Nicu Popescu, assegurou hoje que a neutralidade do país, garantida pela Constituição, não implica "autoisolamento, desmilitarização nem indiferença".

O governante moldavo referia-se ao quadro internacional, incluindo a invasão russa da Ucrânia.  

"Constitucionalmente, a Moldávia é um país neutral. Não procura juntar-se à NATO. Ao mesmo tempo, para a Moldávia a neutralidade não significa autoisolamento, desmilitarização nem indiferença perante o que se passa no mundo, incluindo a agressão russa contra a Ucrânia que nós condenamos", disse Popescu. 

Popescu expressou estas posições antes da reunião dos ministros dos Negócios Estrangeiros da NATO que decorre em Bucareste em que participam os chefes da diplomacia da Georgia, Bósnia-Herzegovina e, pela primeira vez, representantes do governo de Chisinau. 

Frisou que a Moldávia está interessada "em reforçar a resiliência" do país, também com a NATO.

O ministro assinalou que a disposição constitucional sobre a neutralidade da antiga república soviética existe desde 1994 e reconheceu que a sociedade civil debate a possibilidade de rever a Constituição, mas que o assunto ainda "não é um processo político".  

"Existe uma discussão entre observadores entre a sociedade civil e os parlamentares também falaram sobre a necessidade de termos um debate nacional sobre os melhores modos de garantir a segurança do nosso país e a paz", disse.  

"Neste momento, este debate não está institucionalizado, não se converteu num processo político mas sim entre a sociedade civil, que está muito afetada pela guerra e muito assustada pelo que pode passar-se num país independente e democrático como a Ucrânia. Tudo isto adensa o debate que temos na Moldávia", afirmou. 

Popescu acrescentou que, segundo analistas moldavos, o país não está "ameaçado nos próximos meses e semanas" mas alertou que "é dever" do governo estar preparado para um cenário de ameaças.   

"A situação na Moldávia é tranquila", constatou, apesar de se referir à questão da Transnístria, região separatista pró-russa, notando a presença militar de Moscovo na região.

O ministro dos Negócios Estrangeiros disse que o Executivo está em contacto com as autoridades "de facto" da região e que Chisinau "insiste" no desejo de manter a paz, reintegrar a região e promover a retirada das tropas russas da Moldávia, por meios pacíficos perante o "diálogo e a diplomacia".

Por outro lado, disse que a guerra na Ucrânia é "um grande problema" que afeta a vida da população moldava.

Antes do início dos encontros em Bucareste, a ministra Bósnia, Bisera Turkovic, disse que nos Balcãs Ocidentais e em particular na Bósnia-Herzegovina estão "muito preocupados pelo futuro e sobre o que pode significar para o país o conflito na Ucrânia", sobretudo numa altura em que se aguarda a formação do novo governo. 

"Temos forças subsidiárias russa ou já as tivemos no governo. Por isso, a divisão no país é profunda e esperamos ser capazes de superar a situação. A presença da NATO é extremamente importante para a Bósnia-Herzegovina porque é a garantia da nossa segurança. Por isso, a presença nesta reunião significa muito", afirmou. 

No início do encontro de Bucareste, o secretário-geral da NATO, Jens Stoltenberg recordou que os aliados demonstraram durante "muitos anos" apoio à Moldávia, à Georgia e à Bósnia-Herzegovina urgindo, ao mesmo tempo, a implementação de reformas, desenvolvimento das capacidades e reforço das instituições de defesa e segurança. 

Hoje, disse Stoltenberg, os três países estão sujeitos a pressão e, por isso, "comprometeram-se a aumentar apoio", um assunto que vai ser discutido na reunião.