Pai de Boris Johnson aprova desobediência civil em protestos ambientais
O ambientalista britânico Stanley Johnson, pai do antigo primeiro ministro Boris Johnson, considerou hoje úteis os protestos de grupos como 'Just Stop Oil' e 'Extinction Rebellion', mesmo quando causam o que chamou "inconveniência".
"Em princípio, considero este tipo de ações extremamente útil. Mas é preciso avaliar cuidadosamente porque existem momentos em que se perde a audiência irritando-a ou causando inconveniência", afirmou, num encontro com jornalistas estrangeiros em Londres.
Desde o início de outubro que o grupo 'Just Stop Oil', criado por membros do 'Extinction Rebellion', têm levado a cabo uma série de ações no Reino Unido, como o bloqueio de estradas, urgindo ao fim imediato da exploração de combustíveis fósseis.
Outras intervenções incluem o arremesso de sopa de tomate contra o quadro "Girassóis" (1888) de Van Gogh no museu National Gallery, atirar tinta contra edifícios públicos, sedes de empresas e concessionários automóveis e um ataque com bolo de chocolate à estátua do Rei Carlos III no museu de cera Madame Tussauds.
Johnson, que trabalhou sobre questões ambientais para a antiga Comunidade Económica Europeia, atual União Europeia (E), e tem vários livros publicados sobre o tema, foi orador num comício do grupo Extinction Rebellion em 2019.
Apesar de não concordar com todas as ações de desobediência civil daqueles grupos ambientalistas, reconhece o direito ao protesto das gerações mais jovens porque serão mais afetadas pelas alterações climáticas.
"Às vezes temos de aguentar um pouco de inconveniência", afirmou no encontro organizado pela Associação de Imprensa Estrangeira no Reino Unido.
O antigo eurodeputado falava com jornalistas estrangeiros sobre a recente proposta de lei do Governo britânico para eliminar cerca de 2.400 regulamentos derivados de legislação europeia, que foram mantidos mesmo após o 'Brexit', à qual se opõe.
Stanley Johnson fez campanha contra a saída do Reino Unido da UE e considera o 'Brexit' "lamentável".
A proposta de lei, avançada pelo antigo ministro da Economia Jacob Rees-Mogg, determina que estes regulamentos serão automaticamente eliminados no final do próximo ano a não ser que os ministros decidam o contrário.
Além de esta intervenção ter impacto em questões como os direitos dos trabalhadores ou das mulheres, Stanley Johnson afirma que está também em causa a Diretiva dos Habitats de 1992, que que protege espécies e as áreas onde estes vivem.
"Para mim é absolutamente vital ver estas directivas cruciais (protegidas)", vincou, urgindo a UE a pressionar o Reino Unido para que abandone o que considera um "ato hostil" que terá "implicações ambientais porque vivemos numa área geofísica comum".