A Guerra Mundo

Opositor russo rejeita acusação de difamação pelo Exército da Rússia

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Foto AFP

O político russo da oposição Ilya Yashin, processado por denunciar os crimes de guerra alegadamente cometidos pelo Exército da Rússia em Kiev, rejeitou hoje essa acusação perante o tribunal e garantiu existir assédio político ilegal.

"Não concordo com a acusação apresentada. Considero que este processo criminal foi forjado e apresenta claros indícios de assédio político ilegal", afirmou durante a audiência, de acordo com o portal Mediazona.

Yashin referiu-se assim às acusações do Ministério Público, que o incrimina por ter culpado o Exército russo pelo massacre cometido em Busha, no norte Kiev, e salientou que são infundadas.

"A verdade é que quando falei dos acontecimentos de Busha, segui as regras clássicas do jornalismo: propus ao público não só a minha avaliação dos acontecimentos, mas também transmiti diferentes pontos de vista sobre os mesmos. Expressei tanto a versão do lado ucraniano como a posição oficial do Ministério da Defesa russo", argumentou.

Segundo a Ucrânia, após a retirada das forças russas de Busha, que se localiza a 30 quilómetros de Kiev, foram encontrados mais de 400 corpos -- alguns deles exumados de valas comuns -- com marcas de balas, tortura e outros ferimentos.

A Rússia, por seu lado, nega que os seus militares tenham matado civis e afirma que é uma invenção de Kiev.

Yashin defendeu que "o cidadão não é obrigado a acreditar em tudo o que as autoridades dizem".

"Acredito que o cidadão é obrigado a ouvir diferentes pontos de vista, duvidar, analisar e depois tirar as suas próprias conclusões", realçou, dizendo que as declarações não foram motivadas por "ódio político".

"Não há evidências para confirmar o meu ódio. O ódio motivou aqueles que iniciam guerras, e não aqueles que tentam impedi-las", acrescentou.

Várias testemunhas e peritos do Ministério Público participaram na audiência, que durou mais de cinco horas.

O advogado de Yashin, Mikhail Biriukov, informou que a audiência será retomada na quarta-feira às 10:30, horário de Moscovo (07:30, em Lisboa).

Com 39 anos, Yashin, um ex-deputado municipal que se encontra em prisão preventiva desde julho, pode ser condenado a uma pena de cinco a 10 anos de prisão por "divulgar informações falsas" sobre as Forças Armadas da Rússia.