A inexplicável censura
A FIFA, que controla a transmissão televisiva dos jogos do Mundial, foi goleada. O 'hat trick' do Super-Homem das causas no Portugal-Uruguai corre mundo
Boa Noite!
De mais um jogo estupidamente sofrido, embora para história fique um prematuro apuramento de Portugal para os oitavos-de-final do Mundial, o que deve estará a gerar estranheza entre conservadores e especialistas em cálculos, sobram três momentos que correm mundo.
O 'hat trick' contestatário
O adepto que entrou em campo durante o Portugal – Uruguai, que foi tratado como “invasor” pelo homem do jogo, conseguiu um honesto ‘hat trick’, algo que Bruno Fernandes bem tentou, sem sucesso. De uma assentada, em segundos frenéticos, exibiu uma bandeira arco-íris, símbolo proibido nas braçadeiras de capitão pelo país que criminaliza a homossexualidade, pediu “respeito para as mulheres iranianas” cujos direitos são ignorados e lançou o apelo “Salvem a Ucrânia”.
Por revelar sentido de oportunidade invejável, o adepto vestido de Super-Homem não merecia a censura inconcebível dos que controlam as transmissões televisivas e assim atentam contra o rigor informativo. Se esta gente que compra direitos pensasse que hoje vivemos num admirável mundo novo, em que as imagens correm na hora sem passarem pelo crivo dos ditadores, não fazia triste figura.
A protecção da marca
A defesa da marca é uma forma de torná-la robusta e impactante, sobretudo num espaço concorrencial em que vale quase tudo para que a mesma seja alvo de reparo. A imagem fala por si. Depois de uma grande penalidade duvidosa, legitimada pelo VAR, a fúria uruguaia não poupou a relva. Havia que proteger o trampolim para mais um saltinho vitorioso. O futebol deixou de ser inocente.
A obediência de Al Rihla
Al Rihla não tem sido submissa aos craques. Hoje rendeu-se a um madeirense. Cristiano Ronaldo nem precisou de pentear a ‘redondinha’ para que a primeira impressão vingasse. A FIFA atribui-lhe o golo de imediato e demorou 10 minutos a desfazer o equívoco. Há golos assim, em que o que conta é a intenção. Porque tocar até podia estragar. Mas se o melhor do mundo não se fizesse ao lance teria o País gritado tanto?
Al Rihla é a bola da competição. Carrega história e cultura. O nome significa "a viagem" em árabe, o que para os herdeiros dos notáveis dos descobrimentos é uma inspiração mais do que prenúncio. Que o digam Bruno Fernandes, já com dois golos e duas assistências para gáudio de Erik ten Hag; Fernando Santos que já deitou gelo na febre súbita pois logo a seguir à fase de grupos convém fugir ao Brasil e porventura o melhor mesmo é tudo fazer para acabar em primeiro; ou até Marcelo Rebelo de Sousa por ter palpite certeiro, já que perspectivou o 2-0, antes do jogo começar!