Chefes da diplomacia da NATO reúnem-se em Bucareste para debater guerra na Ucrânia
Os ministros dos Negócios Estrangeiros da NATO vão reunir-se na terça e quarta-feira em Bucareste, capital da Roménia, para debater o aumento do apoio à Ucrânia, a resiliência da Aliança e os "desafios colocados pela China".
Esta reunião do Conselho do Atlântico Norte, principal organismo de decisão política da NATO, ao nível dos ministros dos Negócios Estrangeiros, vai decorrer no Palácio do Parlamento na capital da Roménia e contará com a presença do ministro das Relações Exteriores da Ucrânia, Dmytro Kuleba, para debater as necessidades mais urgentes deste país e o apoio da NATO a longo prazo.
Os temas na agenda da reunião -- na qual participará o ministro dos Negócios Estrangeiros português, João Gomes Cravinho - foram avançados pelo secretário-geral da Aliança, Jens Stoltenberg, em conferência de imprensa no passado dia 25, em Bruxelas, numa ocasião em que o norueguês vincou que a NATO "não vai recuar" no apoio à Ucrânia face à invasão da Federação Russa.
Salientando que "os Aliados estão a fornecer apoio militar sem precedentes", Stoltenberg espera que os ministros dos Negócios Estrangeiros concordem em aumentar o apoio "não letal".
Stoltenberg considerou que este será um "início horrível do inverno" na Ucrânia, devido à escalada de ataques russos nas últimas semanas, e prometeu apoio às autoridades ucranianas durante "o tempo que for necessário".
Quanto à China, o secretário-geral da NATO sublinhou que esta potência "não é um adversário" mas "está a intensificar a modernização militar, aumentando a sua presença, do Ártico aos Balcãs Ocidentais, do espaço para o ciberespaço, e procurando controlar as infraestruturas críticas dos aliados da NATO".
O secretário-geral da Aliança alertou para o facto de a guerra na Ucrânia ter demonstrado "a perigosa dependência" face ao gás russo.
"Portanto, devemos avaliar nossas dependências de outros regimes autoritários, principalmente da China", frisou.
Além do ministro ucraniano, foram também convidados a participar nos trabalhos os ministros dos Negócios Estrangeiros da Finlândia e da Suécia, dois países que em maio deste ano apresentaram uma proposta conjunta para aderir à NATO, abandonando décadas de não-alinhamento militar, mas cujo processo ainda não está finalizado.
A adesão requer a aceitação, por unanimidade, dos 30 Estados-membros da NATO, que foi ratificada por todos, incluindo Portugal, com exceção da Turquia e da Hungria.
Este domingo, a primeira-ministra da Finlândia, Sanna Marin, lamentou os atrasos na ratificação da entrada da Finlândia e da Suécia na NATO, defendendo que o processo já deveria estar concluído. A Hungria adiou, na quinta-feira (24), a ratificação da adesão destes dois países para 2023.
Os ministros dos Negócios Estrangeiros da Bósnia-Herzegovina, Geórgia e Moldávia também vão estar presentes e o secretário de Estado dos Estados Unidos da América, Antony Blinken, que terá uma reunião bilateral com o secretário-geral da NATO no dia 29.
A reunião decorre após a queda este mês de um míssil em Przewodów, na Polónia. Investigações preliminares descartaram que se tratava de um projétil disparado pela Rússia e, em vez disso, apontaram para um míssil lançado pelos sistemas de defesa aérea da Ucrânia.
Na sequência deste incidente, a Polónia rejeitou na semana passada um sistema antimísseis oferecido pela Alemanha, e disse que este deveria ser dado à Ucrânia, que tem sofrido constantes bombardeamentos russos que têm danificado estruturas de energia em todo o país.
No entanto, a ministra da Defesa da Alemanha, Christine Lambrecht, salientou que a utilização dos sistemas de defesa da NATO fora do seu território precisa ser acordada por todos os Aliados.
A reunião de ministros de Negócios Estrangeiros decorre na Roménia, país fronteiriço com a Ucrânia, onde Portugal tem presença militar, no âmbito da NATO.
Em outubro, partiram para a Roménia 166 militares portugueses (a 2ª Força Nacional Destacada) para participar nas "enhanced Vigilance Activities" da NATO, que têm como objetivo contribuir para o esforço de dissuasão e defesa da Aliança no seu flanco sudeste.