Nobel da Paz bielorrusso arrisca até 12 anos de prisão por "contrabando"
O laureado com Prémio Nobel da Paz Ales Beliatski, defensor dos direitos humanos na Bielorrússia, arrisca uma pena até 12 anos de prisão num caso de contrabando de géneros, anunciou hoje a sua Organização não-governamental (ONG) Viasna.
Beliatski, detido desde julho de 2021 e contemplado com o Nobel da Paz 2022 juntamente com as organizações de defesa dos diretos humanos Memorial da Rússia e o Centro para as liberdades civis da Ucrânia, está incluído neste caso juntamente com dois outros colaboradores detidos e um terceiro em exílio no estrangeiro, segundo a Viasna.
"Incorrem entre sete a 12 anos de prisão", indicou a ONG em comunicado.
Beliatski e os seus colaboradores são acusados de terem passado pela fronteira bielorrussa "uma grande quantidade de géneros em grupo organizado" e de terem "financiado ações coletivas que implicam um forte atentado à ordem pública".
Segundo a Viasna, a data do início do processo ainda não foi fixada.
Este caso está a ser entendido como uma vingança do Presidente russo Alexandre Lukashenko, no poder desde 1994, um aliado de Moscovo que se tem caracterizado pela repressão às vozes críticas, em particular desde o amplo movimento de contestação pós-eleitoral no verão de 2020.
Na sequência da atribuição do Nobel da Paz, a Bielorrússia considerou-a uma "decisão politizada".
A Viasna, fundada em 1996 no decurso de manifestações massivas pró-democracia na Bielorrússia, iniciou a sua atividade ao fornecer apoio às pessoas detidas e aos familiares próximos.
A sua atividade alargou-se de seguida à defesa dos direitos humanos em geral, num país acusado de abusos generalizados nesta área.