PTP denuncia “acordos pouco claros” no programa de cirurgias do SESARAM
O PTP-Madeira emitiu, esta tarde, um comunicado onde expressa a sua preocupação com a revisão do programa de recuperação de listas cirúrgicas do Serviço Regional de Saúde (SESARAM), denunciando que “existem muitos sinais de que o programa não está devidamente regulamentado, nem é motivo de monitorização e avaliação, por forma a que o mesmo apenas inclua doentes com esperas crónicas de longa duração” e não existam ultrapassagens na lista por utentes em lista de espera recente ou sem atendimento urgente.
Na nota, em nome do coordenador da saúde do PTP, Edgar Marques Silva, refere-se que o programa “inclui acordos pouco claros, de um mesmo utente submetido a cirurgia, em que são consideradas efectuadas mais de uma intervenção da mesma especialidade, situação nunca detectada em dias de produção normal cirúrgica, do tipo ‘opere um e pague dois’ actos cirúrgicos”. “Será que o anestesista vai receber a dobrar?”, questiona o mesmo partido.
Segundo o PTP, “existem pormenores, de organização e planeamento estratégico, que o actual programa, pela prática demonstrou que a serem agora considerados e corrigidos o beneficiariam”. Desde logo, os serviços de internamento, em dias de programa de recuperação de cirurgias, precisam de mais recursos humanos, em regime de trabalho extraordinário. É ainda necessário o reforço de enfermagem, para o acolhimento, integração e preparação pré-operatória, assim como para o acompanhamento de e para o bloco operatório e respectivos cuidados de enfermagem pós-cirúrgicos, que inclui a preparação da alta em dias que o apoio de secretariado não existe.
O PTP sugere que “talvez a criação temporária de uma ‘Unidade Cirúrgica de Recuperação de Listas de Espera Polivalente’, assim como se criou para um problema extraordinário, a unidade de Covid, fosse em termos de planeamento estratégico o ideal, que poderia contribuir para a clara recuperação de listas, sem contudo o programa não interferir com a normalidade dos serviços de internamento, nem com a sua produção semanal cirúrgica, fica condicionado o acesso a doentes admitidos pela urgência por falta de camas, assim como pela mesma razão a produção normal semanal de cirurgias, fortemente condicionada”.
A força política considera inadmissível que enfermeiros e assistentes operacionais sejam sobrecarregados de trabalho em dias de programa de recuperação de cirurgias, que normalmente ocorrem em períodos de fim-de-semana e até feriados, para que o bloco operatório seja “contemplado em trabalho extraordinário, num programa que até agora se tem mostrado pouco eficiente no diminuir as listas de espera cirúrgicas” e que causa “o caos nas urgências por falta de vagas nesses dias”.