Afinal, quanto vale a palavra de António Costa?
De nada serve virem aqui, em 2023, aquando das Eleições Regionais, prometer mundos e fundos
À primeira vista e quando pensamos quanto vale a palavra do Primeiro-Ministro António Costa, a resposta é simples e rápida: no que toca à Madeira, muito pouco.
Mas pior do que a rapidez dessa resposta é a lamentável e recorrente postura do PS e, neste caso, de todo o Governo que governa o País, face aos Madeirenses e aos compromissos há muito assumidos com a Região, mais uma vez negligenciados no Orçamento do Estado que foi aprovado para 2023.
Orçamento aprovado por uma maioria absoluta que não serve o País nem muito menos as suas Regiões Autónomas e que, afinal, conforme ficou visível na semana passada, apenas serve aos socialistas, reforçando, dia após dia, a prepotência e a demagogia de quem, estando no poder, esqueceu há muito a razão pela qual foi eleito.
É difícil compreender e ainda mais aceitar que dossiês que aguardam, há anos, pela sua resolução – da exclusiva responsabilidade do Governo da República – continuem tal e qual, sem qualquer evolução ou desfecho à vista, com graves consequências para a Madeira.
Mantêm-se por cumprir, assim e entre muitos outros compromissos, a implementação do Subsídio Social de Mobilidade, o cabal esclarecimento do cofinanciamento do Estado ao novo Hospital, a regularização das dívidas à Região pelos adiantamentos feitos nas despesas de saúde da PSP, GNR e Forças Armadas e a majoração das verbas à Universidade da Madeira, mais uma vez discriminada neste Orçamento face à Universidade dos Açores.
E não vale a pena usar, conforme habitual, desculpas fundamentadas na difícil conjuntura que o País atravessa, porque, na realidade, havia um sem número de propostas de alteração, dentro das 40 apresentadas pelo PSD/M, que apenas e só visavam eliminar a discriminação de que somos alvo, a nível individual e institucional, em comparação ao que sucede no território continental. Medidas que, na sua larga maioria, não representavam qualquer impacto orçamental, significando, em contrapartida, muito para todos os que aqui vivem e trabalham.
Neste cenário, desiludam-se os que pensam que a prepotência e a demagogia ficam restritas ao continente, porque, mais uma vez, na sua habitual subserviência ao Partido, os deputados socialistas eleitos pela Região à Assembleia da República preferiram validar esta postura, votando contra a Madeira e fazendo tabua rasa dos problemas e das dificuldades contra as quais se comprometeram a lutar.
Aliás, também aqui temos a incongruência daqueles que têm duas caras, dois pesos e duas medidas, assumindo cá e perante os Madeirenses a defesa do que depois chumbam, do lado de lá.
Lamentável ou não, é este o Primeiro-Ministro e é este o PS que temos.
É este o País que temos, governado ao sabor do que pensam alguns e, não, a favor do coletivo. Mas há um detalhe que importa lembrar: que, na política, quem não é capaz de honrar a sua palavra e esquece, sistematicamente, os compromissos que assume perante a população, perde toda a credibilidade e respeito.
De nada serve virem aqui, em 2023, aquando das Eleições Regionais, prometer mundos e fundos porque os Madeirenses não têm nem terão memória curta e saberão responder, à altura. Nem tampouco serve os socialistas de cá lembrarem o que a República faz porque, dentro do pouco que faz, está em causa aquilo a que temos direito.
A verdade é que António Costa, com este Orçamento, deixou cair a máscara usada ao longo dos últimos tempos, quando se deu ao trabalho de fingir a abertura para o diálogo e para a concertação institucional que agora, coloca em causa, ao puxar, mais uma vez, o tapete aos Madeirenses.
O problema é que, para além do Orçamento do Estado, há avanços significativos que queremos concretizar, para o bem da Madeira e do nosso futuro, que não se compadecem com esta postura discriminatória e com esta falta de responsabilidade e compromisso, designadamente no que toca à revisão da Lei das Finanças Regionais e à revisão Constitucional.
Espera-se que, pelo menos nestas matérias, haja espaço para pensar no todo que somos, sem que o Governo da República e o PS travem, por completo, o reforço dos nossos poderes e o aprofundamento da Autonomia que defendemos.
E que, já agora, as palavras assumam outro valor.