UE paga transporte de 40 mil toneladas de cereais para países vulneráveis
A União Europeia vai pagar o transporte em dois navios de 40.000 toneladas de cereais ucranianos, no âmbito de uma iniciativa de Kiev destinada a exportar cereais para países vulneráveis, anunciou hoje a presidente da Comissão Europeia.
"Pagaremos o transporte de 40.000 toneladas de cereais, que é o que resta do que (a Ucrânia) disponibilizou, seja qual for o custo", disse Ursula von der Leyen numa intervenção por vídeo por ocasião da campanha "Grain from Ukraine" (Grão da Ucrânia).
A iniciativa visa fornecer cereais gratuitos a pelo menos cinco milhões de pessoas, em países como o Sudão, o Iémen, o Quénia e a Nigéria até ao final da primavera de 2023, anunciou anteriormente o Governo ucraniano.
Esta foi lançada coincidindo com as cerimónias que assinalam o chamado "Holodomor", a grande fome causada pela política do regime soviético que causou milhões de mortes na própria Ucrânia nos anos de 1932 e 1933.
A nova ajuda europeia será acrescentada à mobilização através dos chamados corredores solidários promovidos pela UE, que desde maio permitiram a exportação por terra 17 milhões de toneladas de cereais e produtos alimentares ucranianos.
Esses corredores "tornaram-se uma tábua de salvação para a economia ucraniana, fornecendo mais de 19 mil milhões de euros de rendimentos tão necessários aos agricultores e empresas ucranianos", referiu Von der Leyen, recordando que recentemente foram mobilizados mais mil milhões de euros para os reforçar.
Além disso, o acordo promovido pela Turquia e pelas Nações Unidas permite que os alimentos sejam retirados do país por barco, o que eleva para 28 milhões de toneladas os produtos exportados para o resto do mundo a partir da Ucrânia.
"A vossa iniciativa 'Grão da Ucrânia' tem todo o meu apoio e é crucial para os nossos esforços. Estão a mostrar ao mundo um compromisso inabalável com a segurança alimentar global, a responsabilidade internacional e a solidariedade com os mais necessitados", disse Von der Leyen dirigindo-se aos ucranianos.
"Hoje, a Rússia está novamente a usar a comida como arma. Como parte da sua brutal agressão contra a Ucrânia, destruiu a sua produção agrícola, atacou os seus silos e bloqueou os seus portos. A Rússia está, portanto, a privar os países mais vulneráveis de África, do Médio Oriente e da Ásia de um acesso vital aos alimentos", denunciou.
A presidente da Comissão acusou ainda a Rússia de usar "desinformação" para culpar os outros pelas suas "ações desprezíveis" e instou "a continuar a lutar contra ela".
A UE e os seus membros esforçam-se por desacreditar o discurso da Rússia, que atribui às sanções europeias sobre Moscovo os problemas do comércio alimentar global e das exportações da Ucrânia, um dos principais fornecedores mundiais de cereais.
A Rússia lançou uma ofensiva militar na Ucrânia a 24 de fevereiro, que ainda perdura, e que foi condenada pela comunidade internacional que respondeu, com destaque para a UE e Estados Unidos, com ajuda militar, humanitária e económica a Kiev e a imposição de sanções económicos e políticas sem precedentes a Moscovo.