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Peritos da ONU vão intervir em processo de envenamento por chumbo na Zâmbia

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A justiça sul-africana autorizou peritos da ONU a intervir como "amigos do tribunal", figuras independentes encarregadas de esclarecer o tribunal, num caso de envenenamento por chumbo numa cidade mineira zambiana, envolvendo o gigante mineiro Anglo American.

Em 2020, mulheres e crianças zambianas entraram com uma ação judicial contra a filial sul-africana do grupo, alegando que as suas minas em redor da cidade central zambiana de Kabwe, fechadas há 25 anos, eram responsáveis por um envenenamento em grande escala.

Os peritos apresentarão "alegações escritas e orais" no processo contra Anglo American, disse um tribunal na África do Sul, na sua decisão.

Trata-se de três relatores especiais e dois grupos de trabalho, um centrado na discriminação contra as mulheres, o outro nos direitos humanos e nas empresas.

Kabwe é um dos lugares mais poluídos do mundo depois de décadas de mineração, com graves consequências para a saúde.

Os queixosos no processo, representados por advogados sul-africanos e um importante escritório de advocacia londrino, estão a procurar uma compensação e a descontaminação da área.

"Não acreditamos que somos os responsáveis pela situação atual", disse a Anglo American South Africa à agência AFP, salientando que a intensa atividade industrial continuou após a sua retirada da zona.

As minas de chumbo e zinco estão encerradas desde 1994 na faixa de cobre, mas vários estudos dos últimos anos mostram que os níveis de chumbo no sangue das crianças ainda são elevados.

O Banco Mundial financiou vários projetos de limpeza, mas cerca de um terço da população continua a viver em áreas contaminadas.