BE Madeira assinala Dia Internacional para a Eliminação da Violência Contra as Mulheres
O Bloco de Esquerda Madeira associou-se às comemorações do Dia Internacional pela Eliminação da Violência contra as Mulheres, numa iniciativa política decorrida na tarde desta sexta-feira. A porta-voz da iniciativa, Carina Quintal, falou de “números assustadores” e afirma que o Bloco “defende a exigência de respostas imediatas a todas as vítimas de violência doméstica.”
Leia, na íntegra, o testemunho de Carina Quintal no âmbito deste Dia Internacional pela Eliminação da Violência contra as Mulheres:
"A cada ano que passa os números são mais assustadores. Se
por um lado indicam que há mais denúncias, também revelam que estamos muito
longe de eliminar este flagelo que resulta de séculos de vigência de uma
sociedade patriarcal, machista e que continua a entender a mulher como um ser
subserviente e não como igual.
Desde 2004 que, em Portugal, mais de 600 mulheres foram assassinadas pelos seus
companheiros ou ex-companheiros. Só este ano, já contamos com 28 assassinatos.
Não são apenas números, são vidas destruídas, são nomes, são famílias, são
crianças, as vítimas que ficam. O problema não é daquelas mulheres em concreto,
é do que está mal na nossa sociedade e nas nossas instituições que permitiram
que todas elas fossem assassinadas.
Não podemos esquecer que em mais de 50% destes casos, a violência era conhecida
por vizinhos, familiares e autoridades.
Mas, a violência contra as mulheres tem outras formas. É o assédio no espaço
público, o colega de trabalho que levanta a voz, o companheiro que acha que
deve controlar o que vestes ou com quem falas, o ex-namorado que divulga na
internet as tuas fotografias íntimas, a discussão que acabou com um estalo. O
assassinato de uma mulher é o pico da violência machista.
Desprezarmos os sinais de subordinação é sermos cúmplices da impunidade.
Normalizar o apalpão, o assédio sexual, a palavra alta, a foto íntima
partilhada ou o ciúme, é compactuar com uma sociedade em que as mulheres não
são donas do seu próprio corpo e das suas próprias vidas, como se fossem sempre
propriedade de alguém.
Temos de ir mais além. E por isso, o Bloco defende a exigência de respostas
imediatas a todas as vítimas de violência doméstica: afastar o agressor e não a
vítima; reforçar o apoio durante os processos judiciais; criar juízos
especializados para estes crimes; reforçar a moldura penal para esta tipologia
de crimes; implementar um programa de prevenção e combate à violência contra as
mulheres, que comece nas escolas.
Quando uma mulher é agredida pelo companheiro, toda a sociedade é violentada.
Repetimos quantas vezes necessárias: NEM MAIS 1!"