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Governo britânico proíbe uso de câmaras de vigilância fabricadas na China

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O Governo britânico determinou hoje que todos os seus ministérios e departamentos parem de utilizar em locais "sensíveis" câmaras de vigilância fabricadas por empresas chinesas, que Pequim exige por lei que cooperem com os seus serviços de informação.

Oliver Dowden, o ministro sem pasta mais influente do executivo liderado por Rishi Sunak, referiu na Câmara dos Comuns que esses equipamentos "não devem ser conectados às principais redes dos departamentos" e que os responsáveis devem avaliar se é necessário substituí-los imediatamente.

"As considerações de segurança são sempre vitais no ambiente deste tipos de locais, por isso estamos a tomar medidas para evitar que qualquer risco de segurança se materialize", frisou Dowden perante os deputados.

O responsável do Governo para a videovigilância e biometria, Fraser Sampson, alertou em junho que os sistemas tecnológicos públicos são construídos à base de "amianto digital", em referência ao material utilizado em algumas construções que podem causar efeitos adversos à saúde.

"Quase todos os aspetos das nossas vidas estão agora sob vigilância por meio de sistemas avançados que foram projetados e adquiridos de empresas controladas por outros governos", alertou Sampson.

Estas empresas têm "a obrigação de partilhar os dados com seus governos de acordo com a legislação nacional", acrescentou.

A presidente da Comissão dos Negócios Estrangeiros do Parlamento, a conservadora Alicia Kearns, saudou a medida anunciada pelo Governo.

"Retirar as câmaras de vigilância chinesas deste edifício é um passo na direção certa, mas temos de ir muito mais longe", salientou a deputada, que defendeu o alargamento da medida a todas as "entidades públicas e autarquias locais".

Na semana passada o Governo britânico determinou que a Nexperia, propriedade da gigante chinesa de smartphones Wingtech, venda pelo menos 86% da Newport Wafer Fab, principal fabricante de semicondutores no Reino Unido, para se proteger contra possíveis riscos para a segurança nacional.

Estas medidas governamentais ocorrem numa altura em que as relações entre Pequim e Londres estão cada vez mais tensas e em que há um escrutínio dos investimentos de empresas chinesas no exterior.

Em 2020, Londres proibiu a gigante chinesa de telecomunicações Huawei de implantar equipamentos de banda larga 5G no Reino Unido, depois das preocupações manifestadas pelos Estados Unidos para os riscos de espionagem chinesa, acusações que irritaram Pequim.

O primeiro-ministro britânico, Rishi Sunak, que chegou ao poder no mês passado, adotou um tom duro contra a China, ao mesmo tempo em que sinalizou o seu desejo em negociar com o país.