Mundial'2022 Mundo

Parlamento Europeu enviou "mensagem clara" à FIFA sobre direitos humanos

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O deputado socialista Pedro Marques considerou hoje que a resolução do Parlamento Europeu (PE) sobre o Qatar constitui um "mensagem clara" à Federação Internacional de Futebol (FIFA) de que "os direitos humanos não são negociáveis".

O PE aprovou hoje uma resolução sobre os direitos humanos no Qatar, país que acolhe o Campeonato Mundial de futebol, com críticas à FIFA e ao país do Golfo pela situação dos trabalhadores migrantes e a discriminação das mulheres e da comunidade LGBTQ+.

Pedro Marques, um dos redatores da resolução, disse à Lusa em Estrasburgo (França) que o PE também "convoca as autoridades do Qatar para reformas profundas que salvaguardem os direitos dos trabalhadores, das mulheres e da comunidade LGBTQ+".

"Toda a pressão internacional vai produzindo resultados, essa é a lição do passado. Assim foi após a forte condenação da situação inicial na construção dos estádios para este Mundial", disse Pedro Marques sobre o efeito da mediatização da situação no Qatar com a realização do campeonato.

"Mas muito mais tem que ser feito, para que no Qatar sejam assegurados os direitos humanos de todos, e não apenas de alguns", afirmou.

O eurodeputado do PS disse esperar que a pressão internacional que tem sido exercida sobre o Qatar, incluindo por equipas que participam no campeonato mundial, possa gerar mudanças no país.

"Esperamos ver contínuas reformas relativamente aos direitos dos trabalhadores, o apoio às famílias dos milhares que sofreram acidentes de trabalho no Qatar, o fim de qualquer legislação que tolere a tortura ou certamente a pena de morte", disse.

"Mas também a grave discriminação das mulheres ou a criminalização das pessoas LGBTQ+ são prioridades que esperamos venham a ser reconhecidas e objeto de ação pelas autoridades do Qatar", acrescentou.

O PE pediu hoje ao Qatar e à Federação Internacional de Futebol (FIFA) que compensem as famílias de milhares de trabalhadores migrantes que morreram no país desde que começou a construção de infraestruturas do campeonato mundial.

Na resolução aprovada no plenário em Estrasburgo (França), o PE também assinalou que o Qatar ganhou a corrida à organização do campeonato mundial "no meio de alegações credíveis de suborno e corrupção".

Os eurodeputados descreveram a corrupção na FIFA como "desenfreada, sistémica e profundamente enraizada" e lamentaram que o processo de atribuição do Mundial ao Qatar não tenha sido transparente.

A FIFA "prejudicou gravemente a imagem e a integridade do futebol a nível mundial", consideraram os eurodeputados na resolução, em que apelaram para reformas no organismo internacional.

Os eurodeputados defenderam também a "implementação rigorosa de critérios de direitos humanos e sustentabilidade para os países de acolhimento" dos torneios.

O PE defendeu também que os eventos desportivos internacionais "não devem ser concedidos a países onde os direitos fundamentais e humanos são violados e onde a violência sistemática de género prevalece".

Na resolução, o PE reconheceu que o Qatar atribuiu 320 milhões de dólares (mais de 307 milhões de euros, ao câmbio atual) às vítimas de abusos salariais, através do chamado "Fundo de Apoio e Seguro dos Trabalhadores".

No entanto, muitos trabalhadores e as suas famílias foram excluídos da aplicação do fundo, pelo que os eurodeputados defenderam o seu alargamento a todos os afetados desde o início dos trabalhos relacionados com o Qatar2022.