Desde 2005, que a agora Ordem dos Contabilistas Certificados, vem a publicar o Anuário Financeiro dos Municípios Portugueses (AFMP). Trata-se dum documento que se baseia no levantamento exaustivo dos dados financeiros de todos os 308 municípios portugueses.

Os méritos da iniciativa são por demais conhecidos. Mas devemos todos o reconhecimento do principal responsável da iniciativa. Transcrevo parte da nota de introdutória do AFMP:

“Não podemos ainda deixar de prestar o devido reconhecimento àquele que foi o principal mentor e impulsionador do Anuário ao longo de 16 anos de existência: o Professor Doutor João Carvalho! Tendo desenvolvido toda a sua carreira de investigação ligada à contabilidade pública, em particular à contabilidade e finanças locais, é inegável o contributo que deu para a evolução desta área no contexto português. A criação deste projeto em 2002/2003, deu origem ao desenvolvimento e publicação de uma obra de referência na área da contabilidade autárquica, sendo por muitos utilizada, quer ao nível académico e da investigação, quer no contexto das políticas públicas e locais. O grupo de trabalho envolvido no projeto entendeu dar continuidade à sua Obra, como era seu desejo, e em reconhecimento ao seu trabalho, mas o Professor Doutor João Carvalho foi, é e será sempre o criador, o rosto deste Anuário, e a ele se deve o seu enorme sucesso.”

O saudoso Professor João Carvalho honrou-me com a sua amizade e convívio. Os seus méritos são mais do que conhecidos e reconhecidos e ultrapassam esta iniciativa do AFMP que, felizmente, a equipa continuou, agora liderada pela distinta Professora Maria José Fernandes. Voltando ao Prof. João Carvalho, fiquei sempre com aquela imagem do homem simples, afável, acessível e próximo. Enfim, um Homem que elevava os “menores” ao considerá-los todos ao seu nível. E foi num desses momentos que ele me contou um episódio, ocorrido após a publicação dum dos primeiros AFMP, em que um presidente dum determinado município não gostou das contas apresentadas e o ameaçou com processos e indemnizações. A verdade é que nunca houve processo, uma vez que, como se pode constatar, os dados que servem de base de trabalho são as contas que os próprios municípios apresentam, analisadas com o rigor de especialistas, com mais do que reconhecido mérito, e não uma análise enviesada, tendenciosa ou sectária.

O autarca em causa também era dirigente dum clube desportivo com destaque no futebol.

Dentro do âmbito deste projecto, ainda se falou em fazer um trabalho semelhante no que toca a clubes de futebol. Se o Anuário dos Clubes de Futebol Portugueses fosse avante, não haveria ameaças, haveria sangue!

É a transparência que alguns políticos levam para o futebol e/ou vice-versa. Catar é um exemplo!