Ucrânia considera "inaceitável" a alegação continuada de Orbán da "Grande Hungria"
O Ministério dos Negócios Estrangeiros ucraniano descreveu como "inaceitável" a imagem do primeiro-ministro húngaro num jogo de futebol com um lenço do mapa da "grande Hungria", incluindo partes de outros estados, como a Roménia e a Ucrânia.
"A promoção de ideias revisionistas na Hungria não contribui para o desenvolvimento das relações ucranio-húngaras", disse o porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros Oleg Nikolenko, criticando o evento como "inaceitável".
Neste sentido, Nikolenko anunciou que o embaixador húngaro na Ucrânia será convocado para a sede do Ministério dos Negócios Estrangeiros para o sensibilizar para o desacordo do governo de Kiev com a nova repudiação de Orbán.
"Estamos à espera de um pedido oficial de desculpas do lado húngaro e de uma refutação das invasões à integridade territorial da Ucrânia", disse Nikolenko.
O gesto do primeiro-ministro húngaro, Viktor Orbán foi também criticado na Roménia, outro dos estados de onde a "Grande Hungria" está a tomar território. Alin Mituta disse que o gesto "irresponsável" e "revisionista" de Orbán o coloca "do lado" do presidente russo Vladimir Putin, que também "sonha" em mudar fronteiras.
"Orbán deve ser responsabilizado por este ato, que é incompatível com o estatuto de um membro da família das democracias liberais", sublinhou Mituta.
Não é a primeira vez que Orbán apela ao revisionismo representado pela "Grande Hungria", um estado que se refere ao reino da Hungria que perdeu os seus territórios após a derrota do Império Austro-Húngaro na Primeira Guerra Mundial.
Na Estónia, a primeira-ministra Kaja Kallas, criticou também a "alarmante" duplicidade de critérios da Hungria no que diz respeito às sanções europeias contra as autoridades e entidades russas.
"O comportamento da Hungria é muito alarmante", disse Kallas no Parlamento estónio em resposta às alegações húngaras de que a inflação e os elevados preços da energia na Europa se devem a sanções impostas a partir de Bruxelas.
"Até agora, a Hungria também apoiou e aceitou estas sanções. Desde que se diga uma coisa e se faça outra, o problema não é tão grande, mas também estou muito preocupada com a forma como a Hungria está a levar a cabo campanhas que culpam toda esta inflação e os preços da energia pelas sanções", acrescentou Kallas.
"Não, isto não é causado pelas sanções, é causado pela guerra", observou a primeira-ministra estónia, que por outro lado, também considerou "problemática" a aproximação que alguns países dos Balcãs mantêm com a Rússia.
Para Kallas, qualquer pessoa que construa a sua segurança ou prosperidade em torno da Rússia, mais cedo ou mais tarde será enganada e pagará um preço elevado. "Espero que isto também seja compreendido na Hungria", disse a primeira-ministra, tal como relatado pelo ERR.